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Júri do massacre do Carandiru é suspenso de novoDesembargadores depõem no júri do CarandiruCena do crime foi mudada no Carandiru, diz agenteNo júri do Carandiru, promotor pede absolvição de três réusDepoimento do primeiro réu do Carandiru dura mais de 2hOs promotores Fernando Pereira da Silva e Marcio Friggi insistiram com questionamentos, ao que os réus respondiam: “Me reservo ao direito de permanecer calado”. Friggi chegou a suplicar a um dos réus: “Pelo amor de Deus, o senhor poderia nos contar o que aconteceu?”. A advogada de defesa solicitou que Friggi não usasse a “emoção” durante os questionamentos. Os jurados também fizeram perguntas, que ficaram sem resposta. O silêncio foi mantido pelos primeiros 20 réus.
Depoimento
Ronaldo Ribeiro dos Santos, capitão da 2ª companhia da Rota à época do massacre do Carandiru, foi o primeiro réu a responder às perguntas do juiz José Augusto Marzagão. “Recebi a informação que a situação era insustentável”, disse.
Segundo Santos, o coronel Ubiratan Guimarães deu ordem para ocupar o segundo pavimento do Pavilhão 9 da Casa de Detenção, em 2 de outubro de 1992. O coronel teria dito que os policiais deveriam “reagir no mesmo nível” que os presos. Ao ingressar no edifício, Santos portava um revólver e uma metralhadora, mas afirmou não ter usado a metralhadora.
Os que vieram em direção à tropa foram alvejados, confirmou o capitão. Ele disse ter visto clarões, mas não pôde afirmar se os presos portavam armas de fogo. “Eu gritava: volta para a cela! Alguns (detentos) obedeceram e outros se voltaram contra nós.” Santos afirmou ter atirado três vezes, sem saber se atingiu alguém. “Eu atirei em razão dos estampidos que vinham em nossa direção”. Santos estava acompanhado do soldado Osvaldo Papa e do cabo Paulo Estevão de Melo, os quais faziam a sua segurança.
Os policiais encontraram armas com os presos, de acordo com Santos. “Quando estava retornando para a entrada da gaiola, o tenente Dornelas (Aércio Dornelas Santos) me apresentou três armas.” Antes de os presos serem levados ao pátio, o capitão e sua tropa saíram da penitenciária. “Nossa tropa é de embate. Acabou o embate, a gente se retira.”