As composições passam pelo bairro, uma antiga favela, em velocidade reduzida a 25 km/h por causa de uma subida em curva e do risco de acidentes. Os saques, antes restritos à noite, passaram a ocorrer à luz do dia. Numa das ações, mais de duzentas pessoas tomaram o trem, bateram com paus para desengatar os vagões e furtaram o açúcar. Em outra, os saqueadores separaram alguns vagões do resto do comboio para furtar a carga.
A Polícia Militar, quase sempre, chega depois que o saque foi consumado. No bairro impera a cumplicidade ou a lei do silêncio.
A ALL mantém rondas com seguranças no trecho, mas os saqueadores agem em grande número e em horários incertos. Jornalistas e fotógrafos já foram atacados a pedradas e ameaçados de morte. Entre os criminosos, muitos são menores e há também mulheres. A empresa já se reuniu com a prefeitura e a Polícia Militar em busca de solução. A ALL informou ter reforçado a escolta dos trens no local e, nas últimas semanas, as ocorrências diminuíram.
A empresa também investe num programa social no bairro. A empresa informou que as cargas têm seguro. Segundo a ALL, não há registro de ações semelhantes em outros trechos da ferrovia que a empresa administra.
O traçado da ferrovia no trecho urbano de Sorocaba remonta à construção da Estrada de Ferro Sorocabana (EFS), inaugurada em 1875. O trecho em que ocorrem os saques faz parte da extensão da ferrovia de Sorocaba à antiga Real Fábrica de Ferro de São João de Ypanema e foi construído em 1876.
O projeto de um contorno ferroviário e a retirada dos trilhos da área urbana está em estudos no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), sem prazo para execução.