O Relatório Figueiredo também dá conta da existência de capatazes contratados exclusivamente para bater nos índios que tinham “mau comportamento”. Muitos eram amarrados, como nos antigos pelourinhos, e espancados com pedaços de pau ou chicoteados com rabo de tatu, uma espécie de chicote com argola no cabo e duas talas na ponta para surrar. Quem se atrevia a discordar dos chefes dos postos também podia ser preso, já que eles tinham autonomia para castigar os índios.
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Nem mesmo as crianças eram poupadas das torturas, de acordo com o relatório. No posto Fraternidade Indígena, localizado na reserva da tribo Umutima, no interior do Mato Grosso, o documento cita que um índio de 14 anos, de nome Lalico, foi espancado e pendurado pelos pulsos. Os índios soltaram o garoto, que foi recapturado a mando do chefe do posto e novamente preso e espancado. Revoltada com a agressão, a tribo ameaçou um levante e ele foi solto. No posto Cacique Doble, no Rio Grande do Sul, o índio Narcizinho, de apenas 7 anos, foi pendurado pelos polegares e espancado até a morte pelos capatazes do chefe do posto, Álvaro de Carvalho.
SUPLÍCIO NO TRONCO
“O tronco consiste em duas estacas enterradas em ângulo agudo no mesmo buraco, com o vértice para baixo. Em cada uma delas existe um pequeno entalhe. A tortura consiste em colocar o tornozelo do índio e paulatinamente fechar o ângulo, aproximando as duas pontas das estacas com o auxílio de uma corda. Um processo muito doloroso, que se levado ao extremo poderá provocar a fratura do osso”, aponta trecho do Relatório Figueiredo.
'ANJO' DA DOR
Um relato dá conta de um índio pendurado pelos dedos polegares, prática usual durante o período da escravidão no Brasil. Naquela época, era usado um instrumento batizado de “anjinho”, que prendia com anéis de ferro os dedos dos polegares e depois os comprimia usando uma chave ou parafuso.
CÁRCERE DESUMANO
Também são frequentes os relatos sobre a existência de prisões em postos indígenas. Um deles revela que os índios eram presos em caixotes de madeira, com dimensão de 2m x 1,30m com um pequeno buraco que servia para respirar. Os índios também eram encarcerados em buracos no chão, fossas com fezes e nos chamados “quartos de castigo”
ALGOZ PROFISSIONAL
Nos postos de Ivaí e Nonoai, no Paraná, e no posto Guarita, no Rio Grande do Sul, denuncia o relatório, o inspetor regional do SPI, Acyr de Barros, tinha um funcionário, de nome Miguel Preto, contratado exclusivamente para bater nos índios. Eles eram amarrados em postes ou pendurados pelos pulsos. Também eram surrados com pedaços de pau e castigados com rabo de tatu, uma espécie de chicote com argola no cabo e duas talas na ponta.