"A essência do evangelho possui Jesus Cristo como modelo e o evangelho de Jesus Cristo foi exercido com liberdade de expressão e respeito; ele amou as pessoas sem preconceito algum e nunca condenava ou excluía alguém por ser diferente dos outros", disse padre Beto. Segundo o religioso, pelo comportamento da Igreja em relação à sua excomunhão e às declarações de Feliciano, "as pessoas com tendências diferentes dos heterossexuais, como bissexuais e homossexuais, além de serem vistas com preconceito, são consideradas pecadoras".
"Cristo não falou nada sobre sexualidade. As expressões sobre os temas sexuais na bíblia representam a mentalidade de uma época em que as pessoas não tinham condições de analisar a bissexualidade ou a homossexualidade. A ciência evoluiu e a Igreja não pode fechar os olhos para o conhecimento humano, não pode ignorar a realidade da existência de uma diversidade sexual", diz. "A Igreja não pode achar que duas pessoas que se amam, que se respeitam e querem construir um mundo juntos, são pecadoras só porque são do mesmo sexo", completou. Beto diz que vai conversar com um advogado especializado em direito canônico para se defender.
Em nota distribuída nesta terça-feira, 30, pela assessoria do bispado de Bauru (SP), o juiz-instrutor da excomunhão diz que o ato se deu porque padre Beto não obedeceu aos superiores e insistiu em manter um comportamento em desacordo com as regras do sacerdócio. Embora o bispo de Bauru, d. frei Caetano Ferrari, tenha exigido que o padre retirasse da internet os vídeos em que critica a postura da Igreja em relação aos temas sexuais, a nota afirma que o sacerdote não foi excomungado por defender os interesses dos homossexuais porque "isso não é matéria para excomunhão na Igreja".