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Papa Francisco visitará favela do Rio de Janeiro e Aparecida, em São PauloPapa participará de reunião com bispos do CelamMobilidade preocupa organização da Jornada da JuventudeOrganização da Jornada Mundial da Juventude divulga programação das cerimônias centraisUm jovem de cada comunidade falará sobre o tema "Juventude: força de engajamento, força de fé", haverá rodas de conversas, exibição de vídeos e exposição de objetos litúrgicos das diferentes comunidades. "Dentro da Jornada, é o primeiro trabalho com essas três religiões. É uma iniciativa ousada. O tema central é a unidade, o diálogo, o que é realmente importante para o resgate dos valores primordiais da sociedade", diz o padre Arnaldo Rodrigues, do setor de Preparação Pastoral da organização da JMJ.
A origem deste primeiro grande encontro é um grupo chamado Juventude Inter-Religiosa do Rio de Janeiro (JIRJ), que começou com católicos e judeus e, há pouco mais de um ano, incorporou a comunidade muçulmana. "O principal objetivo do grupo é promover o diálogo, o respeito entre as religiões, já que no meio juvenil a gente vê tantas desavenças em relação à religiosidade", diz a fiscal tributária Aline Barbosa Almeida, de 26 anos, secretária-executiva do JIRJ. "Se a gente quer passar essa ideia da coexistência, não só religiosa, tem que partir de algum lugar. Nossa proposta é disseminar essa ideia do diálogo entre religiões, discutir como funciona e como idealmente deveria funcionar. Plantar uma semente na cabeça de cada um", diz a estudante de psicologia Tamar Nigri Prais, coordenadora de projetos sociais da instituição judaica Hillel e integrante do JIRJ.
Organização
O jornalista Fernando Celino, de 31 anos, é um dos representantes da comunidade muçulmana na organização do encontro inter-religioso da Jornada. Ele trabalha na Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro e integra a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa. Também faz parte do projeto Vizinhos de Portas Abertas, dos colégios Santo Inácio, católico, e Liessin, judaico, com intercâmbio de professores e alunos. "Existem cerca de 2 mil muçulmanos no Estado do Rio, não existem escolas islâmicas. Então, eu participo do projeto no Santo Inácio e no Liessin. O Islã é coberto de preconceitos. Quando surgiu o JIRJ, eu quis participar. Na Jornada, é a primeira grande ação que vamos realizar juntos. Queremos dar visibilidade ao diálogo inter-religioso, trabalhar pela destruição dos preconceitos e disseminar essa ideia no mundo inteiro", diz Fernando.
Na noite de quinta-feira passada, o grupo se reuniu na sede da Arquidiocese do Rio para acertar mais detalhes do encontro na PUC-Rio. Além dos jovens, veteranos da militância pelo diálogo entre as religiões também estão engajados. "Já demos passos para trazer as religiões de matriz africana, mas, como ainda é muito inicial, não foi possível incluir na atividade da Jornada", diz Diane Kuperman, ex-vice-presidente da Federação Israelita do Rio.
Diversidade
Sede da 28ª Jornada Mundial da Juventude, o Rio de Janeiro é um dos Estados de maior diversidade religiosa do Brasil. Menos da metade da população é católica e mais de um quarto é evangélica, uma das maiores proporções do País. Também tem porcentuais elevados, em comparação com os índices nacionais, de espíritas, praticantes de umbanda e candomblé e de pessoas que se dizem sem religião. Na semana que antecede a JMJ, durante encontro de jovens organizado pelos jesuítas, a troca de experiências das diferentes religiões também estará em foco, com visitas de jovens católicos a sinagogas, mesquitas e terreiros de umbanda.
Aos que estranham a ausência de grupos evangélicos no encontro inter-religioso, padre Arnaldo informa que haverá uma atividade específica, durante a JMJ, do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), ainda a ser definida. "Queremos motivar os jovens de várias religiões na ideia de conhecer, respeitar, dialogar, conviver", resume padre Arnaldo.