Jornal Estado de Minas

MP para evitar apagão de mão de obra

Medida do governo reduz a burocracia para profissionais qualificados que necessitam do visto de trabalho no país

Grasielle Castro JĂșlia Chaib
Sem conseguir suprir a demanda interna por mão de obra qualificada, o governo publicou nessa sexta-feira no Diário Oficial da União, duas resoluções. A primeira facilita a emissão de visto de trabalho para estrangeiros. A outra permite a concessão de visto temporário a estudantes de pós-graduação que queiram trabalhar no país nas férias. Com a nova regra, o tempo médio para emissão do documento cai de 30 para 20 dias. Também foram abolidas algumas exigências, como a especificação do valor do salário. A medida do Conselho Nacional de Imigração faz parte do pacote de ações que o Executivo começa a adotar para evitar um “apagão” de profissionais especializados.
O gerente de Projetos da Secretaria de Assuntos Estratégicos(SAE), Marcelo     Cerri, explica que a pasta, em conjunto com os ministérios das Relações Exteriores, da Justiça e do Trabalho e Emprego, tenta modernizar o marco legal que trata da situação dos estrangeiros no país. “A situação da imigração, hoje, está crítica e exige mudanças urgentes. É isso que o conselho está fazendo”, diz. Entre as alterações propostas está a regularização da situação do estrangeiro que vem atrás de trabalho no Brasil. Hoje, ele desembarca com visto de turista e, quando consegue emprego, é obrigado a retornar ao país de origem para que a empresa dê entrada na documentação. “Queremos eliminar essa necessidade de ir e vir, dar uma condição para que ele venha, procure emprego e consiga o visto”, explica.

Além de facilitar a vida do profissional, o governo avalia a melhor maneira para diminuir a burocracia para o empregador. Cerri explica que a demanda por especialistas tem aumentado muito, mas as barreiras travam as contratações imediatas. O setor que mais se destaca é o de óleo e gás, que, segundo ele, requer uma mão de obra que não existe no país. “Essas empresas sofrem prejuízos milionários sem esses profissionais. Eles saem das melhores universidades, chegam ao Brasil e demoram pelo menos um ano para conseguir validar o diploma”, relata. “Boa parte vem para ficar um período curto, de um ou dois anos, e não faz sentido ter que fazer prova ou outras disciplinas para poder atuar no país”.

"Saída mais simples" Dados do Ministério do Trabalho mostram que nos últimos três anos mais que quadruplicou a concessão de visto de trabalho para pós-graduados, mestres e doutores. De 736 em 2010 passou para 3.186 no ano passado. Embora critique a proposta de facilitar a entrada de estrangeiros no mercado de trabalho brasileiro, o professor do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB) Jorge Fernando Pinho reconhece que não há outra solução de curto prazo para o país resolver o problema da falta de mão de obra qualificada. “É uma vergonha porque, em vez de investir na educação, o Brasil vai servir de válvula de escape para países em crise. O país optou pela saída mais simples. Infelizmente, educação é um problema estrutural, demora cerca de 18 anos para formar bem um profissional. Se começarmos a fazer isso hoje, vamos levar quase duas décadas para ter o profissional  de que precisamos atualmente”.