"Se eles (os desembargadores) achavam que não tinha mais comoção está provado que tem, sim", afirmou o presidente da Associação das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Adherbal Ferreira, reiterando que todos ficaram com a sensação de um segundo velório apenas quatro meses depois de enterrarem seus filhos. Ferreira lembrou ainda que, a pedido de autoridades familiares e amigos mantiveram a calma para evitar que o processo fosse transferido de Santa Maria para outra comarca. Mas, depois da soltura dos presos, revelou que todos estavam se sentindo como se tivessem sofrido um "desaforo da Justiça".
O incêndio ocorreu na madrugada de 27 de janeiro e provocou comoção internacional. Dois sócios da casa noturna - Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann - e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira - Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão - estavam presos temporariamente desde o final daquele mês e responderão a processo por homicídio e tentativa de homicídio com dolo eventual qualificado por fogo, asfixia e motivo torpe.
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Justiça manda soltar 4 presos por incêndio na boate KissJustiça concede liberdade provisória a donos da boate Kiss e integrantes da banda Gurizada FandangueiraSepultada a 242ª vítima do incêndio na boate KissPaulistanos protestam contra o Estatuto do Nascituro IPM indicia oito bombeiros por tragédia da KissTJ separa processos de réus do incêndio em Santa MariaNa tarde de quarta-feira, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul aceitou pedido dos defensores e relaxou a prisão dos quatro por entender que já não se faz presente o clamor público, não há qualquer demonstração de que os acusados venham a interferir no andamento da instrução criminal e não ver risco de que eles venham a fugir do País porque estão com passaportes retidos.
No final da noite de quarta-feira, os quatro deixaram a Penitenciária Estadual de Santa Maria sem informar à imprensa onde passarão os próximos dias. O advogado de Spohr, Jader Marques, confirmou que seu cliente ficará em Porto Alegre por algum tempo. Os advogados dos demais réus não retornaram os telefonemas da reportagem durante a quinta-feira.
A decisão surpreendeu o Ministério Público, que promete esperar a publicação do acórdão para encaminhar novo pedido de prisão dos quatro ao Superior Tribunal de Justiça. Os promotores que trabalham no caso entendem que persiste o clamor popular em Santa Maria e consideram que, mesmo sem passaportes, os réus podem seguir para outros países se utilizando das facilidades existentes para transpor as fronteiras com o Uruguai e a Argentina, distantes menos de 400 quilômetros de Santa Maria.