Manifestações de índios, quilombolas, sem-terra e de produtores rurais pedem paz no campo
Produtores rurais e indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais sem terra realizaram dois protestos na manhã desta sexta-feira na mesma avenida de Campo Grande. Os grupos se concentraram em trechos diferentes da Avenida Afonso Pena, a principal da cidade. O foco dos protestos foram as disputas pela terra. Apesar dos conflitos recentes, ambas manifestações foram pacíficas.
Com o lema %u201CLei, ordem e paz no campo%u201D, o ato promovido pelos produtores rurais reuniu cerca de 300 pessoas. A mobilização foi organizada pelo Movimento Nacional de Produtores e contou com presença de representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul e Associação dos Criadores do estado. A pé, a cavalo e de caminhonete, os produtores rurais, pediram o fim dos conflitos e da insegurança jurídica.
Os indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais, após três dias de marcha reuniram quase mil pessoas. O protesto foi organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Central Única dos Trabalhadores, Federação dos Trabalhadores em Educação e Comissão Pastoral da Terra. Eles pediram o fim da violência no campo, agilidade na reforma agrária, e criticaram a demora na demarcação de terras indígenas e quilombolas. Sob o lema %u201CTodos somos índios, todos somos sem terra%u201D, eles lembraram o índio terena Oziel Gabriel, morto a tiros, durante tentativa de reintegração de posse da Fazenda Buriti, em Sidrolândia.
Hoje, as equipes da Força Nacional começam a atuar em Sidrolândia. O major Luiz Alves disse à Agência Brasil que, devido às questões de logística, deverá montar o acampamento à noite na fazenda Buriti.
A Conferência dos Religiosos do Brasil, regional de Mato Grosso do Sul, divulgou carta manifestando inquietação %u201Cdiante das injustiças sofridas pelos povos indígenas de nosso estado%u201D. No mesmo dia, reunião que durou mais de três horas e que contou com participação de representantes do governo federal e dos índios terenas, foi anunciada a criação de um fórum reunindo governo, indígenas e fazendeiros para negociar solução para os conflitos de terra em Mato Grosso do Sul.
Lideranças indígenas, fazendeiros, procuradores da República e entidades como o Conselho Indigenista Missionário e a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul concordam em pelo menos um ponto sobre os conflitos entre índios e produtores rurais sul-mato-grossenses: se os governos federal e estadual querem resolver os confrontos por terras, devem indenizar os fazendeiros que receberam do próprio estado os títulos de propriedade.