Jornal Estado de Minas

Polícia prende seis manifestantes em protesto no Maracanã

Agência Estado
O protesto contra os gastos públicos na realização da Copa das Confederações acabou em confronto com a polícia, na tarde deste domingo, nos arredores do Maracanã, onde aconteceu o jogo entre Itália e México. Ao final do tumulto, a PM contabilizava pelo menos seis manifestantes detidos para averiguação de antecedentes - eles foram levados para a delegacia da área, a 18ª, na Praça da Bandeira (zona norte do Rio), sem previsão para serem liberados.
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A manifestação, que era pacífica e tinha cerca de mil pessoas, transformou-se em um tumulto que afetou até mesmo torcedores que chegavam ao estádio para acompanhar o jogo. Com bombas de efeito moral e gás lacrimogênio lançadas pela PM, os participantes do protesto foram contidos a 700 metros da entrada principal do Maracanã. A névoa enfumaçada que se formou no entorno do Maracanã fez com que centenas de pessoas passassem mal, com crises de tosse, lágrimas nos olhos e dificuldades para respirar. Asmática, uma jovem manifestante teve que ser socorrida pelos colegas. Até policiais reclamavam dos efeitos dos explosivos. Os manifestantes começaram a se concentrar às 14 horas, na estação São Cristóvão do metrô, uma das três que dão acesso ao estádio. Pouco antes das 15 horas, eles tentaram subir o viaduto Oduvaldo Cozzi, que dá acesso ao portão da estátua do Bellini no Maracanã. Mas foram impedidos pela PM, que só permitia a passagem de pessoas com ingressos ou credenciais para o jogo. O grupo tentou seguir pela vizinha rua General Canabarro, mas foi mais uma vez impedido. Às 15h20, o Batalhão de Choque da PM apareceu, com profissionais da Força Nacional de Segurança na retaguarda. Foi quando um policial borrifou spray de pimenta na nuca de um manifestante. Em seguida, os PMs do Batalhão de Choque começaram a lançar as bombas. Manifestantes, jornalistas e torcedores correram, na tentativa de se proteger. A manifestação se dispersou momentaneamente. O torcedor Dejair Freitas, de 28 anos, saiu da estação do metrô no momento em que os manifestantes foram atacados pela PM. "Uma das bombas quase me atingiu. Foi por muito pouco. Ela caiu ao meu lado, mas ainda assim veja como estou", disse, apontando para os olhos vermelhos e lacrimejantes. Na sequência dos acontecimentos, cerca de 500 manifestantes reagruparam-se, sentando no asfalto, no acesso à Quinta da Boavista. Eles cantavam o Hino Nacional quando foram novamente atacados pela PM, que atirou mais bombas. Os policiais alegaram que precisavam desocupar a via pública, parcialmente interditada pelos participantes do protesto. Na confusão, a estação do metrô foi fechada. No Maracanã para assistir ao jogo entre Itália e México, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, não quis opinar sobre os protestos do Rio e de Brasília nos dois primeiros dias de Copa das Confederações - no sábado, também houve manifestação contra os gastos públicos do lado de fora do Estádio Nacional, antes da abertura entre Brasil e Japão. "Quero ver o conjunto da obra primeiro, para depois opinar. Não vi nada, estava aqui dentro", afirmou.