Não é só por R$ 0,20. Nem pelos R$ 0,05 oferecidos em Belo Horizonte. Os gritos que ecoam pelo país desde a última semana e que levaram mais de um milhão de brasileiros às ruas nesta quinta-feira surgem de reivindicações que vão desde pautas abstratas e genéricas, como "mais educação" e "menos corrupção", até a pedidos mais objetivos, como a legalização da maconha e a votação contrária ao Estatuto do Nascituro. No entanto, os incontáveis sentimentos que mobilizaram os jovens da nação, resultando na redução das tarifas do transporte público em diversas cidades, começam a ganhar forma mais definida em uma lista que circula pelas páginas criadas para divulgar o movimento nas redes sociais.
O segundo item nas reivindicações é a exigência de que o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), renuncie ao cargo. Em fevereiro, o senador assumiu o comando da Casa pela terceira vez em meio a protestos no país, já que era alvo de uma denúncia da Procuradoria da República.
Os manifestantes exigem ainda a investigação e punição de possíveis irregularidades na realização da Copa do Mundo. Esta semana, durante as manifestações, as estimativas de gastos com o Mundial subiram novamente, desta vez em R$ 2,5 bilhões, chegando ao total de R$ 28 bi. Por fim, a lista pede alterações no Código Penal Brasileiro, transformando corrupção em crime hediondo, e também na Constituição, extinguindo o foro privilegiado.
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Manifesto entregue à Presidência diz 'não' à PEC 37Curitiba pede fim das 'contas secretas' da PrefeituraManifestantes tentam invadir o Itamaraty em Brasília PM ferido em manifestação em Brasília faz tomografiaManifestantes e policiais continuam em confronto no RioPM reage na Bahia e ato acaba em batalha campalDesde o episódio na última sexta-feira, em São Paulo, quando policiais dispararam bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha contra manifestantes, que, durante as mobilizações realizadas em todo o país, se formou um clima de preocupação em manter os protestos pacíficos. No entanto, nos último seis dias, por diversas vezes a tranquilidade e os gritos do estudantes foram substituídos por muita correria e atos de vandalismo e violência provocados por grupos menores. O mais grave deles foi registrado na última noite, em Ribeirão Preto, São Paulo, quando um manifestante, ainda não identificado, morreu depois de ser atropelado por um homem que avançou com o carro sobre a multidão. Outras três pessoas ficaram feridas.
No Rio de Janeiro, onde mais de 300 mil pessoas manifestaram, houve mais atos de vandalismo durante a noite. Pelo menos 62 pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas aos hospitais da região. Entre elas, um repórter do canal a cabo Globo News. Em Brasília, outros 120 manifestantes ficaram feridos. Vândalos chegaram a colocar fogo na porta do Palácio do Itamaraty. A mobilização reuniu 30 mil pessoas na capital federal.
Também foram registrados atos de vandalismo em Salvador e em Belém, onde o prefeito da cidade, Zenaldo Coutinho, foi recebido a pedradas pelos manifestantes na porta da prefeitura.
Durante toda a quinta-feira a capital mineira foi exemplo, com os próprios manifestantes identificando os baderneiros e solicitando a ação da Polícia Militar. No entanto, no fim do dia, uma agência do Banco Itaú, na Rua da Bahia, no Centro de Belo Horizonte, foi incendiada. Na terça-feira, um grupo menor, formado por pessoas mascaradas, já tinha depredado outras duas agências bancárias e provocado terror na Avenida Afonso Pena. LEIA MAIS.
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