Entretanto, o presidente da Associação Nacional de Defensores Públicos Federais (Anadef), Gabriel Faria, explica que a vitória de pacientes em causas relacionadas à saúde está caindo, principalmente quando envolvem produtos e serviços que já estão incluídos no SUS. O Ministério da Saúde criou uma plataforma no site da pasta que disponibiliza diversas informações sobre remédios e equipamentos aos juízes. A intenção é dar o máximo de informações possível para que o julgamento da causa seja consciente. Muitas das ações derrotadas na Justiça se referem a medicamentos com similares disponíveis no SUS. “A questão é que o sistema de saúde tem obrigação legal de dar cobertura a toda a população, só que, nesse ponto, deve-se trabalhar para evitar a judicialização”, diz.
De acordo com Farina, a maioria das ações judiciais não diz respeito a drogas caríssimas. “90% são remédios pequenos.” Segundo ele, uma forma de evitar a judicialização é com acordos extrajudiciais. “Quando compra sob ordem de um juiz, (o gestor público) tem de adquirir o produto sem licitação, com um custo alto. Mas o ministério não faz conciliação judicial nem extrajudicial em saúde”, critica. Uma das possibilidades seria a pasta montar comitês estaduais, com equipes técnicas para subsidiar tais acordos.
Inclusão Mesmo com o aumento da quantidade de medicamentos incluídos na lista do SUS – de 550 itens em 2010 para 810 em 2012 –, muitos remédios esbarram nos critérios da pasta para oferecê-los gratuitamente. Para entrar na relação do SUS, os produtos passam por uma avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), instituída em 2011, que analisa pontos como segurança para o paciente, entre outros. “O caso de certas doenças, principalmente as raras, cujo número de portadores é pequeno, incorre na não demonstração de custo-efetividade, o que faz com que esses tratamentos fiquem barrados na burocracia do sistema”, conta Regina Próspero. A melhor solução passa a ser, então, o recurso ao sistema judicial.
O consultor jurídico do Ministério da Saúde Jean Keiji Uema reconhece que os custos com essa conta são altos, mas diz que, se comparados ao valor gasto para incluir remédios na lista do SUS – que foi de R$ 9,3 bilhões em 2012 –, são bem menores. “Há muitos medicamentos que não têm nem pedido de inclusão no SUS e há alguns que, se analisados, não devem ser incorporados. O importante é garantirmos o acesso à saúde. Por isso, muitas ações judiciais são inevitáveis”, admite.