A manifestação que reuniu cerca de 5 mil pessoas no centro da capital fluminense, segundo estimativa da Polícia Militar (PM), terminou sem qualquer registro de tumulto. Os manifestantes saíram em passeata da Candelária até a Cinelândia. Eles fizeram o percurso pela Avenida Rio Branco, que foi bloqueada ao tráfego de veículos. Da Cinelândia, as pessoas que participavam do protesto seguiram pela Avenida Presidente Antonio Carlos até a Rua da Assembleia, onde fica a sede da Federação de Transportes do Rio de Janeiro. Em nenhum momento houve ocorrência de vandalismo.
O esquema de policiamento montado foi maior que o da manifestação anterior. De acordo com a PM, foi usado um efetivo de 1.400 homens, distribuídos estrategicamente pelas principais ruas e avenidas do centro da cidade. Cerca de 200 militares protegeram o Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Durante a passeata, os manifestantes portavam cartazes com frases contra os gastos na reforma do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã. Eles criticavam o estado precário das áreas de saúde e educação, caso da engenheira química Cristiane Passos. "Este tipo de manifestação é muito válido e já deveria estar ocorrendo há muito tempo. A diferença entre classes sociais no país é gritante. Não há investimento em políticas sociais, vide situações de violência muito banais. A gente tem que continuar nas ruas, com objetivos bem mais claros", disse.
Um grupo de militares do Corpo de Bombeiros também participou da manifestação e defendia a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 300, que estabelece a equiparação salarial de bombeiros, militares e policiais civis de todo o país. Eles cobravam ainda anistia para os bombeiros exonerados nos protestos de 2012, quando o Quartel Central da corporação, na Praça da República, foi tomada em um ato de protesto. Com as manifestações, o subtenente Macedo estava otimista quanto ao atendimento das reivindicações da categoria. “Agora nós temos uma grande oportunidade do nosso sonho acontecer", disse.
Vários índios que ocuparam a sede do antigo Museu do Índio, no Maracanã, até abril deste ano, carregavam uma faixa com a frase: "Aldeia Maracanã Resiste". Eles manifestaram ainda a indignação com a forma como o governo do estado agiu para tirá-los do prédio. "A gente espera que com toda a pressão do povo e da população indígena que já estava correndo atrás dos nossos direitos, o governo não tenha outra escolha a não ser ceder", disse o índio Kaiah.
Os manifestantes também criticaram a operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM), na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, que resultou na morte de dez pessoas, na última segunda-feira (24). Eles gritavam palavras de ordem contra o governo do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e contra a ação da PM na comunidade.