Ele defende que a falta de recursos para custeio é o grande gargalo do sistema público. "Se não tiver dinheiro para custeio, para comprar remédio, para a folha de pagamento, para os insumos, não se aumentará a rede."
Referência em atendimento médico em toda região, Campinas serve com rede de saúde para 1 milhão de habitantes locais e para todas as 41 cidades abrangidas pelo Departamento Regional de Saúde 7. "Não acho que as medidas anunciadas trarão impacto para a região de Campinas", afirmou o secretário.
"Os municípios estão sobrecarregados. É fundamental que o governo coloque mais recursos de custeio. A questão precisa ser enfrentada.
Todo mundo gosta de construir, mas onde a roda pega é no custeio do sistema", afirmou Carmino.
"É preciso formar mais médicos e seduzi-los para o sistema público de saúde. E, para isso, é preciso melhores condições de trabalho, melhores salários e um plano de carreira, inclusive com dedicação exclusiva ao trabalho", defendeu Carmino.
Para o secretário, que gerencia 2 mil médicos, há um erro de foco na identificação do problema da dificuldade de contratar profissionais em determinadas áreas. Para ele, esse não é um problema relacionado às periferias das cidades. "Não é uma exclusividade das periferias. Tem regiões mais centrais com problema de ambiência onde há dificuldade de se contratar médico."
Na última quinta-feira, 4, Carmino esteve no Ministério da Saúde discutindo com o governo os problemas da cidade e da região. "Não entendo a pressa, fomos pegos de surpresa. São medidas que precisam ser melhor discutidas com quem forma os médicos, com as universidades, com os conselhos, com a categoria", afirmou Carmino. "Não discordo frontalmente da proposta. Formar um médico no Brasil custa muito para a sociedade" diz o secretário, professor da Unicamp, onde um aluno custa ao Estado US$ 30 mil ao ano.
Retribuição
"Isso é pago pela sociedade. Não acho que ter uma retribuição à sociedade algo fora da realidade, mas precisa ser melhor discutido.
Foi de maneira afobada. Tudo que é compulsório é complicado em um país democrático."
Pós-doutorado na Itália, onde há plano de carreira para o médico do sistema público, Carmino defende que é preciso atrair o médico ainda na faculdade para o SUS. "Tem que seduzir o aluno da saúde para o Sistema Único de Saúde muito cedo, de preferência no primeiro e no segundo ano do curso. Ao invés de colocá-lo em laboratório, precisa colocar os alunos para ter interesse na saúde pública prática."
Sobre a atração de médicos estrangeiros, Carmino afirma que é preciso que eles se adaptem ao sistema brasileiro. "Já temos médicos estrangeiros. Mas eles precisam se adaptar ao País, conhecer a epidemiologia local. E tem também o problema da língua."