Jornal Estado de Minas

Cabral some após noite de quebra-quebra

Governador não compareceu a coletiva de imprensa que ele mesmo convocou

Agência Estado

- Foto: REUTERS/Ana Carolina Fernandes Depois da noite e madrugada de depredação diante de uma PM impotente, o governador Sérgio Cabral (PMDB) convocou a cúpula da Segurança e os chefes do Ministério Público, Defensoria Pública, Ordem dos Advogados do Brasil e Tribunal de Justiça para discutir a crise. E, apesar de ter convocado coletiva de imprensa, não apareceu.

 A principal medida prática só foi anunciada na noite de quinta-feira, 18: uma comissão com policiais e integrantes do MP e do governo estadual vai investigar os atos de vandalismo. Informou-se ainda que o Ministério Público fotografou e filmou os protestos.

 Durante o dia, em duas entrevistas, Cabral colheu confissões da cúpula da Segurança sobre a incapacidade para conter o quebra-quebra e, dos demais órgãos, declarações de apoio à democracia. No último momento, sua assessoria informou que, diferentemente do anunciado, o governador não falaria, porque “estava em reunião”. Em seu lugar, o governo divulgou breve e protocolar nota.

 

“Os atos de vandalismo na madrugada de ontem no Leblon e em Ipanema são uma afronta ao Estado Democrático de Direito”, disse Cabral, na nota. “O governo reitera a sua posição de garantir, por meio das forças de Segurança Pública, não só o direito à livre manifestação, como também o de ir e vir e a proteção do patrimônio público e privado.” No protesto, além de gritos contra Cabral houve críticas ao gasto de dinheiro público na viagem do papa Francisco ao Rio.

 Enquanto o governador continuava fechado no Palácio, sua equipe policial exibia perplexidade. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame; a chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha; o comandante-geral da PM, coronel Erir Ribeiro da Costa Filho; e o chefe do Estado-Maior Operacional, coronel Alberto Pinheiro Neto, revelaram não saber o que fazer. Declarações de desconhecimento das passeatas articuladas via redes sociais se misturaram a problemas jurídicos para manter suspeitos presos e críticas ao acordo com entidades para moderar o uso de gás lacrimogêneo.

 Uma das constatações foi de que a ausência de líderes claros impede a negociação. Para Beltrame, as autoridades estão “lidando com turba” e, nesses casos, não há um manual de como atuar. “Não podemos ter um plano engessado porque os protestos são flexíveis.”