Após a saída da presidente Dilma Rousseff e do papa Francisco do Palácio Guanabara no começo da noite de ontem, manifestantes entraram em confronto com a Polícia Militar. Cerca de mil pessoas participaram do protesto, que partiu do Largo do Machado, no Catete (Zona Sul), em direção à sede do governo do Rio de Janeiro, no Bairro das Laranjeiras. Eles pararam a cerca de 200 metros do Palácio Guanabara, por causa de barreiras policiais, e queimaram um boneco representando o governador Sérgio Cabral. Até aí não havia registro de violência nem vandalismo. A confusão começou depois que garrafas de água, pedras e um coquetel molotov foram jogados pelos manifestantes contra a polícia, que reagiu com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d’água.
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Pelo menos três pessoas ficaram feridas e cinco manifestantes foram presos até o fechamento desta edição. Um dos detidos levava 20 coquetéis molotov na mochila. Uma pessoa foi baleada na perna. Segundo representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que acompanhavam a manifestação, o tiro foi disparado por soldados que faziam a segurança do palácio, logo no início da confusão. Um PM foi atingido por um coquetel molotov e teve que receber atendimento médico.
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Seios e vaias Durante a tarde, também no Largo do Machado, oito mulheres se reuniram para protestar contra a vinda do papa Francisco ao Brasil. Com os seios expostos, elas entoaram palavras de ordem a favor do aborto e do sexo livre. As manifestantes usavam chifres vermelhos e vestiam roupas inspiradas no candomblé. Um dos refrões dizia: “Volte lá, volte para o seu lugar”. As mulheres disseram que fazem parte de grupos de teatro e garantiram que não pertencem a nenhum movimento político. Em seus corpos, elas escreveram dizeres como “Estado laico” e “liberdade”. Em um determinado momento, simularam uma série de “confissões”, afirmando: “Eu uso anticoncepcional”, “Uso camisinha”, “Eu já fiz aborto” e “Minha mãe não casou virgem”.
Um grupo de jovens católicos que se reunia no mesmo local vaiou o protesto no momento em que as manifestantes exibiram os seios. Houve uma pequena troca de provocações, mas sem confusão. Alguns fiéis começaram a cantar para abafar o som das manifestantes: “Ei, ei, ei, Jesus é o nosso rei”. Em resposta, as feministas usaram um megafone para seguir com a manfiestação. Mais protestos estão marcados para esta semana no Rio de Janeiro.