Soldados e policiais militares bloquearam nesta terça-feira, 23, as entradas de Aparecida e revistaram motoristas e cada canto do Santuário Nacional, onde fica a Basílica Nacional. A Polícia Rodoviária Federal não descartava ontem nem fechar a Via Dutra, principal ligação entre São Paulo e o Rio, caso o papa precisasse aterrissar em São José dos Campos e seguir pela estrada por 83 km até Aparecida.
Por todos os cantos soldados revistaram mochilas e exigiram a identificação de quem se aproximava da basílica. Até bairros pobres e afastados da região onde ficam os hotéis foram ocupados pelo Exército.
Na entrada da cidade, motoristas eram parados e soldados revistavam, com a ajuda de espelhos, até a parte de baixo dos veículos. Todos eram obrigados a informar para onde iam. “Não podemos fazer feio com o papa, é justo que se faça isso”, respondeu o aposentado Jaime Rizzo, de 65 anos, padeiro de Aparecida, que teve sua Kombi revistada ao voltar para casa. “Estava em Caçapava (cidade vizinha), visitando minha tia.”
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Fiéis enfrentam tumulto no final da missa da JMJPapa Francisco deve adotar discurso mais político em homilia hojeImagem da padroeira é símbolo da miscigenaçãoEsquema de guerra será usado para proteger o papa hoje em AparecidaAparecida tem bloqueios e revistas antes da chegada do papaPapa Francisco sai rumo à AparecidaFiéis queixam-se de falta de informações em AparecidaPapa desembarca em São José dos Campos e segue de helicóptero até AparecidaAs chances são grandes de a visita papal ser alvo de novas manifestações. Isso porque na madrugada de ontem pelo menos oito ônibus lotados devem sair de São Paulo rumo a Aparecida - não para rezar, mas para protestar. “Será uma manifestação pacífica, cobrando coerência do discurso do papa em relação aos ataques que os pobres brasileiros vêm recebendo dos políticos e da polícia”, afirmou Guilherme Boulos, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
O MTST vem articulando a manifestação em parceria com o Movimento Periferia Ativa e a Resistência Urbana - Frente Nacional de Movimentos. Em manifesto divulgado na internet, os grupos dizem que os discursos de Francisco são um avanço, por se lembrarem de uma “Igreja pobre e para os pobres”, mas eles enfatizam que se faz necessária “coerência prática”.
O arcebispo emérito de São Paulo, d. Claudio Hummes, defendeu o direito do povo de ir as ruas e afirmou que o papa “saberá dar respostas concretas ao povo”. O cardeal arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, disse acreditar serem grandes as possibilidades de manifestações e espera “bom senso do povo para que tudo ocorra de forma pacífica”. O cardeal de Aparecida e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, d. Raymundo Damasceno, afirmou que o papa “não está preocupado com protestos”.