Depois de ser necropsiado, o corpo permanceu no IML para aguardar a chegada do pai da vítima de São Paulo, onde mora a família de Bruna. Valdir Gobbi, em entrevista à imprensa paulista, desabafou “Tiraram muito mais do que um pedaço de mim. A dor é sem limites”.
A família pretende processar o estado. O tio da vítima, o comerciante Davi Leonardo Alves, disse ontem que ainda não consultou um advogado, mas que o governo é responsável pela morte da sobrinha, já que “vários casos semelhantes foram registrados nos últimos anos e nada foi resolvido”. O secretário Wilson Damázio explicou que esse assunto ficará a cargo da Procuradoria do Estado, mas que não vê razão para a abertura de um processo. “Todas as medidas preventivas para evitar um acidente foram tomadas”, disse.
Sonho interrompido - O desejo de ir à praia era mantido vivo por Bruna Gobbi, 18, há dez anos. Horas antes de ser atacada pelo tubarão, ela havia elogiado o sol forte que entrava pela janela da casa onde estava hospedada, no bairro de Ouro Preto, em Olinda. Chegou a dizer: “Hoje eu vou”. A última visita da turista ao estado foi em 2003. Bruna, porém, adoeceu e não viu o mar. A tão desejada viagem foi presente de aniversário - ela havia alcançado a maioridade há um mês. Ontem, o pai dela, Valdir Gobbi, 45, e a mãe, Josete do Nascimento, 43, estavam inconsoláveis. O enterro acontece hoje à tarde, no Cemitério de Escada, a 60 quilômetros do Recife, uma hora antes do horário que estava previsto para o retorno a São Paulo, após uma semana de férias com a mãe, a tia-avó e a prima Daniele Silva, 26, que também foi socorrida pelos bombeiros.
Na última segunda-feira, Bruna acordou às 6h e foi incentivada pelo bom tempo a ir à praia. “Ela parecia uma criança quando ganha presentes”, descreveu a prima e enfermeira Daniele Silva, que presenciou o ataque do tubarão. O passeio à praia havia sido programado no dia anterior. Pelo Facebook, ela detalhou a programação para o namorado, narrou os momentos de emoção ao reencontrar os parentes e expressou o desejo de voltar ao estado ainda este ano. “Seria em dezembro ou em janeiro, apenas para passar as férias”, informou a prima.
Bruna seguiu de ônibus para a praia com Daniele da Silva e três primos: Antônio Carlos da Silva, 17, Felipe Leonardo Alves, 14, e José Adalto da Silva, 18. Ela foi atacada cerca de 40 minutos depois de entrar no mar. Estava com a água na cintura, mas foi puxada 30 metros para dentro pela correnteza. A prima dela escapou, mas foi retirada da água pelos bombeiros desmaiada.