Jornal Estado de Minas

JMJ

Peregrinos com deficiências relatam dificuldades para circular nas ruas do Rio

Agência Brasil
Apesar da infraestrutura com lugares reservados bem próximos aos palcos de Copacabana e do Campus Fidei (Campo da Fé), ônibus para transporte aos atos centrais da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e acomodação em locais adaptados, peregrinos com deficiências enfrentam as dificuldades impostas pela cidade, como as calçadas irregulares e sem rampas.
É o caso dos estudantes do Colégio La Alegria en El Señor, instituição especializada em educação de jovens com deficiência de Lima, capital do Peru. Acomodados no Instituto Brasileiro de Reeducação Motora (IBRM), no Andaraí, zona norte, o grupo dispõe de corredores largos, rampas e banheiros adaptados dentro da entidade, mas na rua a situação é outra.

"Para pegar ônibus, tive alguma dificuldade, mas os voluntários ajudaram. Há lugares em que as calçadas não permitem chegar", disse Frank Sales, de 19 anos, aluno do colégio e peregrino.

Mesmo para ir e voltar da catequese durante a manhã, na Igreja de São Cosme e Damião, que fica a um quarteirão de distância, calçadas irregulares do bairro desafiaram Frank, que usa muletas, e alguns de seus colegas, em cadeiras de rodas.

Ainda assim, o grupo diz que não pretende deixar de passear no Rio e está ensaiando para apresentar um musical, o "Yo Puedo" (Eu posso, em espanhol), que fala sobre a superação das dificuldades e a busca pela felicidade.

"A mensagem do musical é que se eles podem ser felizes, dançar e cantar, por que nós não poderíamos?", explicou a irmã Priscila Gomes, da Congressão de Servas do Plano de Deus, que cuida dos peregrinos.

O grupo chegou a se apresentar na TV no Peru, e, pela projeção, foi convidado pelos organizadores da JMJ. Ele conseguiu patrocinadores para vir ao Rio.

Amparo Alonso, de 15 anos, que nasceu sem os dois braços, explicou, com ar de timidez, seu papel na apresentação: "Eu canto, danço. É uma combinação de tudo".

O grupo vai se apresentar às 21h no Palco Nilópolis, na Baixada Fluminense. No instituto, estão hospedados ainda mais 50 jovens da Alemanha, Argentina e da Colômbia. O local atende a 250 pacientes por mês gratuitamente, trabalhando na recuperação de pessoas com paralisia cerebral ou que sofreram sequelas após acidentes.