Ouvir bem de perto as palavras do papa Francisco, compartilhar da emoção de estar no maior encontro católico do planeta e fortalecer a fé. Esse é o desejo de brasileiros e estrangeiros que participam, no Rio de Janeiro (RJ), da Jornada Mundial da Juventude (JMJ 2013). No entanto, para alguns, o sonho foi interrompido e se transformou, de repente, em sessões de fisioterapia, muletas e gesso nos pés. “Ontem, quando assisti, pela televisão, à missa celebrada pelo pontífice, em Aparecida (SP), chorei muito. Acho que de emoção, por ele estar no Brasil, e também de vontade de participar da JMJ”, contou a estudante Ana Paula Maria Costa, de 19 anos, moradora de Vespasiano.
Na quarta-feira, um dia depois de se unir, na Pampulha, em BH, a cerca de 10 mil jovens, na abertura da Semana Missionária, evento preparatório para a JMJ, Ana Paulo fraturou os tornozelos em casa. Dessa forma, terá que ficar com os pés engessados durante dois meses. “Estava no quintal, fazendo um caminho ao qual estou acostumada diariamente, e o pior aconteceu”, conta a jovem, que se preparou durante dois anos, na Paróquia de São José, para as atividades da jornada.
“Sempre achei que essa seria a viagem da minha vida. Já estava com tudo pronto, roupas na mala, objetos na mochila… Quem sabe na próxima irei”, diz a estudante, que daria tudo para estar no Rio. “Às vezes a gente acha que tem um plano, mas se esquece dos planos que Deus tem para nós. Como estou de cama, vou ver tudo pela tevê e me unir, em oração, aos católicos do mundo inteiro.” Mantendo a devoção e o bom humor, Ana Paula está certa de que, como diz a canção popular, “andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar…”
Distração
O imprevisto interrompeu também os sonhos da técnica em laboratório Izabela de Oliveira Ferreira, de 29 anos, moradora do Bairro Jaraguá, na Região da Pampulha. Em maio, ela quebrou o tornozelo esquerdo quando guardava uma mala no alto do armário do quarto. O banquinho no qual se apoiava virou e a queda foi inevitável. O resultado: dores, incômodo, bota ortopédica, sessões de fisioterapia e licença médica até o mês que vem. “Foi pura distração. Pensei até que pudesse viajar, mas os fisioterapeutas acharam melhor não me liberar para a viagem”, disse ela ontem, ao ser acompanhada, no exercício, pelo fisioterapeuta Bruno Augusto Dias e Silva.
Integrante de um núcleo do grupo de jovens da comunidade Mater Crucis, Izabela seguiria para o Rio como voluntária. A jornada, para ela, não é novidade, pois esteve em Sidney, Austrália, em 2008, e Madri, Espanha, em 2011. Na tarde de ontem, na clínica no Bairro Itapoã, a técnica em laboratório explicou que de todo mal Deus tira o bem. “No início, quando vi meu tornozelo inchado e dolorido, fiquei muito triste. Mas desde que o papa chegou, tenho visto as imagens na tevê, então fico feliz ao ver todos os jovens na expectativa e unidos em esperança.”
Ontem de manhã, Izabela viu, com atenção, celebração em Aparecida, e gostou de ver o papa mencionando Bento XVI, dizer que “sem Jesus não tem futuro” e falar da alegria de ser cristão: “Falar em Cristo é falar da alegria, de algo positivo. É fundamental, portanto, a juventude estar mobilizada.”
Espírito de união
Bruno Henrique Silveira,
18 anos, estudante de curso pré-vestibular
“A cada dia que passa, percebemos mais o espírito de união dos brasileiros e estrangeiros, todo mundo na maior expectativa para o encontro com o papa Francisco. Mesmo com a ansiedade natural, o clima é de muita tranquilidade. O transporte público está funcionando bem, encontramos ônibus com facilidade – esse era um dos nossos temores, pois a cidade é muito grande e estamos hospedados na Ilha do Governador. Ontem, no nosso segundo dia de jornada, acordamos bem cedo e, com jovens de diversos países, tivemos na Associação Atlética Portuguesa nossa primeira catequese, com o arcebispo dom Almeida, de Angola, em que refletimos sobre a esperança e a alegria, abordados pelo papa Francisco em sua homilia na missa celebrada em Aparecida (SP). A palavras do pontífice devem contagiar a vida de todo cristão”.