Um silêncio quase inesperado paralisou a multidão em Aparecida quando o papa Francisco se recolheu, por alguns minutos, na Capela dos 12 Apóstolos, no segundo andar da Basílica, um pouco antes da missa. Ali mergulhou numa oração solitária, enquanto muitos fiéis se perguntavam “mas o que ele está fazendo?”.
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Papa abençoará bandeiras olímpicas em encontro com esportistasImprevistos impedem mineiros que se prepararam para viajar ao Rio e ver o papaPapa vai usar carro aberto no Rio de Janeiro nesta quinta-feiraAquele instante de intimidade foi acompanhado via telão tanto pela multidão de fiéis que lotava os bolsões fora da igreja quanto pelas 15 mil pessoas que entraram no templo. O papa iniciava seu trabalho religioso em Aparecida de modo confessional, sem foguetório nem cantoria. Queria refletir um pouco. Até mesmo os cardeais, já dispostos em círculo no altar, deram àquele momento uma atenção especial. Ali estava o verdadeiro Francisco, o pontífice que vem quebrando protocolos para transmitir seu desejo de conduzir uma igreja pobre, para os pobres. E reconhecendo abertamente que nada será fácil para ele.
Sua devoção mariana ficaria ainda mais evidente ao longo da celebração. Numa troca de presentes, Francisco deu a d. Raymundo Damasceno, o arcebispo anfitrião, um cálice, mas levou em troca uma imagem da Virgem Aparecida talhada em madeira por um artista do Vale do Paraíba. Antes da bênção final, fez questão de erguer a imagem da santa, que ficara o tempo todo no altar, direcionando-a aos quatro eixos da basílica.
Ao saudar o povo no lado de fora, de novo voltou a se referir a Nossa Senhora em tom familiar e afetuoso, perguntando em espanhol: “Uma mãe se esquece de seus filhos?” Diante do “não” em massa, o pastor anunciou, todo sorridente: “Agora vamos à bênção”.
Na homilia concisa, Francisco contou ao público que no dia seguinte à sua eleição como Bispo de Roma, foi visitar a basílica de Santa Maria Maggiore “para confiar a Nossa Senhora o meu ministério de sucessor de Pedro”. E prosseguiu dizendo que agora tinha vindo a Aparecida para novamente fazer um pedido: “Suplicar à Mãe o bom êxito da Jornada e um bom destino para a América Latina”.
Seu fervor mariano exibe ingredientes típicos do processo evangelizador nas Américas, em que Maria, trazida pelo colonizador, instala-se para sempre entre os colonizados, como mãe poderosa e intercessora infalível. Daí a familiaridade do devoto com sua protetora. “A Igreja sempre sai na esteira de Maria”, afirmou nesta quarta Francisco. Disse que gostaria de chamar a atenção dos jovens da Jornada para três posturas simples de vida e de fé: conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deus e viver na alegria. Enfatizou que, diante de um Deus que ama e de uma Mãe que protege, “o pecado e a morte foram derrotados. Então o cristão não pode ser pessimista! Não pode ter cara de quem parece estar em constante estado de luto!”
Comemoração
Antes de deixar a basílica, Francisco prometeu: “Até 2017. Porque vou voltar”. Muitos não entenderam. Na verdade, anunciou que virá ao santuário para comemorar os 300 anos desde que a imagem santa foi encontrada por pescadores.
Aparecida já é o maior centro de devoção mariana do mundo, com 10 milhões de visitantes anuais. Com Francisco a bordo da Igreja, esse número vai explodir. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.