Um dos policiais militares que prenderam o estudante Bruno Ferreira Teles durante um protesto promovido na segunda-feira, 22, nas imediações do Palácio Guanabara, sede do governo do Estado do Rio, em Laranjeiras, na zona sul da capital, afirmou à Polícia Civil que não havia nenhum coquetel molotov com o estudante no momento em que ele foi preso. O depoimento do policial, constante de inquérito divulgado nesta quarta-feira, 24, pelo Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, contraria informação divulgada pelas Polícias Civil e Militar após a prisão de Teles. Segundo essas instituições, pelo menos 11 coquetéis molotov haviam sido apreendidos com o estudante.
No depoimento à Polícia Civil, esse PM afirma que um homem não identificado atirou o primeiro coquetel molotov contra os policiais e, em seguida, outra bomba foi acesa e entregue a Teles, que teria lançado o artefato contra os policiais. O estudante foi perseguido e detido após cair no chão. Levado à 9.ª DP (Catete), foi preso por portar artefato explosivo e por desacato.
Um advogado que defende o estudante pediu o relaxamento da prisão, durante o plantão judiciário, mas o juiz negou, argumentando que, segundo o relato dos policiais, Bruno teria cometido os crimes de resistência e lesão corporal. O estudante só conseguiu deixar a prisão na manhã de terça-feira, depois que os advogados dele conseguiram um habeas corpus, concedido pelo desembargador Paulo de Oliveira Baldez. Na decisão, o desembargador afirma que nenhum artefato explosivo foi apreendido com Bruno e a prisão em flagrante não tinha fundamento idôneo e concreto. Procuradas nesta quarta-feira, 24, à noite, as Polícias Militar e Civil do Rio não se manifestaram.