Chamado de “pai” por Rangler Irineu, de 24 anos, o morador escolhido para falar em nome da comunidade, o papa Francisco ouviu um relato sobre o difícil dia a dia em uma favela carioca, durante a visita à comunidade da Varginha, na manhã dessa quinta-feira.
“Desde que foi anunciado que o senhor viria, nos deparamos com um vaivém de pessoas asfaltando, limpando, cuidando das calçadas, com as caçambas de lixo bem distribuídas, tudo que não fazia parte do cotidiano dos moradores passou a acontecer. Esperamos que possa continuar dessa forma”, disse Irineu, de frente para o papa, com as costas voltadas para o público de 6 mil pessoas.
No percurso entre a Igreja de São Jerônimo Emiliani e o campo de futebol, onde falou aos moradores, Francisco fez uma rápida visita ao casal Manuel e Maria Lúcia Santos da Penha. Foi uma grande comoção na família. “Não deu tempo nem de servir um cafezinho”, lamentou Maria Lúcia, sem saber que, logo depois, o papa usaria o mesmo termo - “cafezinho” - em um trecho informal de seu discurso. Francisco abençoou a casa e beijou crianças, entre elas, Emanuela, de 4, que sorria para quem se aproximava: “O papa me conhece. O papa me conhece”.
Francisco teve ainda um encontro simbólico. Caminhou até a Congregação Rosa de Saron, da Assembleia de Deus, e cumprimentou o pastor Eliel Magalhães, que abriu a igreja evangélica para oferecer água e banheiros para os católicos. Juntos, rezaram o pai-nosso. “Ele rezou por mim, e eu orei por ele. Há divergência de crença, mas o que contribui para a vida do ser humano é ser sempre bom”, disse o pastor.
Já na igreja evangélica Monte Sião, o clima não foi tão cordial. Um culto transmitido em alto falante duelava com bandas e o locutor da Jornada.