No primeiro dia do júri do vigia Evandro Bezerra Silva, acusado de participar do assassinato da advogada Mércia Nakashima em 2010, o advogado Arles Gonçalves disse que o vigia não foi torturado em seu depoimento à polícia, o que poderia colocar em xeque o interrogatório.
O advogado foi a primeira testemunha ouvida pela acusação no Fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo, nessa segunda-feira, 29. “Na minha frente, Evandro nunca disse que foi torturado. Se ele tivesse falado, eu teria tomado providências na hora”, relatou à juíza Maria Gabriela Riscale Tojeira, responsável por presidir o júri. O corpo de jurados, definido por sorteio no início do julgamento, é composto por quatro homens e três mulheres.
O segundo a depor foi o engenheiro de telecomunicações Eduardo Amato Tolezani. Ele contou como as chamadas de celular feitas por Evandro permitiram localizar seu paradeiro no dia do crime.
Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), Evandro deu carona ao ex-PM Mizael Bispo de Souza, namorado da vítima, que foi condenado a 20 anos de prisão em março, após protagonizar o primeiro júri televisionado do Estado.Segundo o MPE, se condenado, ele deverá ter pena menor, pois apenas sabia do plano de Mizael e o ajudou a fugir. O promotor Rodrigo Merli quer mostrar, no entanto, que o réu “não é um bom moço”, e sua participação no crime não foi tão indireta quanto diz.
Revelação
O advogado de Evandro, Aryldo de Oliveira, afirma que vai apresentar “uma bomba” no plenário. Ele não adiantou do que se trata, mas falou que será uma revelação sobre Mércia. Entre as testemunhas, foram arroladas quatro de defesa, quatro de acusação e duas de juízo (convocadas pela juíza). O delegado Antonio de Olim, responsável pelas investigações, foi convocado tanto pela defesa quanto pela acusação.
Entre as testemunhas de defesa estão ainda Josefa dos Santos, ex-mulher de Evandro; Luiz Araújo Sobrinho, feirante amigo de Evandro; e Márcio Nakashima, irmão de Mércia.