Jornal Estado de Minas

CFM denuncia falhas em inscrições do Programa Mais Médicos e pede investigação da PF

O Conselho Federal de Medicina (CFM) denunciou, nesta quinta-feira,  falhas na plataforma de inscrições do Programa Mais Médicos e afirmou que irá encaminhar o caso para análise da Procuradoria Geral da República (PGR) e  Polícia Federal (PF) para verificar a origem do problema que pode ter causado prejuízo a milhares de candidatos.

De acordo com a entidade, que critica a proposta de contratação de médicos estrangeiros para regiões pobres do país, há indícios de falhas nos procedimentos adotados pelo Ministério da Saúde na fase de inscrições ao Mais Médicos. Para o coordenador do Setor de Tecnologia da Informação do CFM, Goethe Oliveira, “é inegável o prejuízo causado à comunidade médica em decorrência das opções técnicas adotadas para o desenvolvimento do formulário de cadastramento no programa”.

Médicos com inscrições reativadas, atualizadas ou recém inscritos nos CRMs foram prejudicados e não conseguiram se inscrever no Mais Médicos, é o que afirma o CFM. Para a entidade, o Ministério da Saúde optou de forma equivocada por realizar a validação das inscrições em tempo real desconsiderando que utiliza a base de dados do DATASUS, que sofre atualização semanal dos dados médicos. Denúncias sobre boicote aos médicos inscritos nos Conselhos também foram feitas ao CFM, relatando a impossibilidade de anexarem documentos solicitados pelo programa e, assim, de concluírem o cadastro.

Na coletiva de imprensa realizada nesta manhã, o CFM também destacou a estranheza em relação a declaração do Ministério da Saúde que afirmou que pelo menos 7.278 médicos têm no Programa Mais Médicos registros de CRM inválidos, número significativamente superior aos 4.657 profissionais que concluíram o cadastro no programa. Apesar do Ministério da Saúde informar que problemas cadastrais poderão ser corrigidos na próxima etapa, os médicos relatam que não puderam finalizar cadastro. "Detectamos que os números apresentados pelo Ministério da Saúde de CRMs inválidos, na verdade, foram provocados pelo próprio sistema de informática do governo, afirmou o presidente do CFM, o médico cardiologista Luiz D’Ávila.

A polêmica em torno do programa Mais Médicos, que permite a contratação de profissionais formados no exterior sem a validação do diploma, já havia chegado à Polícia Federal (PF) no mês passado. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, encaminhou um ofício ao ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, pedindo o acompanhamento da PF nas inscrições do programa. A medida foi adotada depois de denúncias recebidas pelo ministério de que grupos usariam redes sociais para incentivar médicos do Brasil a se inscrever em massa no programa. Uma vez atingido o objetivo e encerradas as inscrições, seria organizada uma desistência em conjunto. A estratégia, de acordo com as denúncias, teria como meta atrapalhar o cronograma e o recrutamento de médicos estrangeiros.

 

Com agências