Jornal Estado de Minas

Mesmo após denúncias, grávida tenta "doar" bebê mediante ajuda financeira

Ed Wanderley

O suposto anonimato da internet, aliado à falta de legislação específica que regule o que se faz na rede, parece facilitar ações ilícitas. Mesmo depois da polêmica gerada pela investigação da venda de bebês via Facebook, que repercutiu em todo o país, ainda há quem se arrisque em negociar, pela web, a entrega do próprio filho. É o caso da recifense Alice (nome fictício), 22 anos, autora de um dos anúncios de crianças na rede social.

Suposta mãe de dois filhos, um de cinco anos e outro de sete meses, ela estaria grávida e disposta a doar o filho a quem o garantisse “melhores condições de vida”. “E quero que o casal se responsabilize pelas despesas que vou ter no lugar que vou ficar”, postou publicamente a garota, cujos pais supostamente não saberiam da gestação de quatro meses, motivo pelo qual ela gostaria de ficar escondida até o nascimento. Para provar a gravidez, enviou uma foto. Por telefone, conversamos com a jovem, que garantiu não saber das investigações nem que havia algo de errado em sua conduta.

 

“Postei, mas queria apagar. Ainda não decidi se vou doá-lo. O problema com a internet é que a gente não sabe com quem está falando, se a pessoa é de bem e está dizendo a verdade… por isso tive medo”, afirma. Segundo a promotora do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Daiza Cavalcanti, apenas a oferta da criança já configura crime e receber qualquer benefício, em especial “ajudas financeiras”, pode ser considerado desrespeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente. “A lei existe para impedir a facilitação de casos de tráfico ou abandono, mas também é uma segurança, já que sem ela não haveria certeza de que a mulher não estaria recebendo dinheiro por fora”, explica.