Jornal Estado de Minas

Estado do Rio recua e instalação de UPP na Maré é adiada

Mudança surpreendeu associações de moradores e organizações não governamentais

Agência Estado
Em mais um recuo do governo do Estado do Rio, a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora no Complexo da Maré foi adiada. Nesta quarta-feira, 07, o coronel José Luís Castro Menezes afirmou que não há previsão de ocupação policial e disse que ainda será necessário formar os policiais que vão atuar no complexo, que reúne 16 favelas. A UPP da Maré havia sido anunciada pelo próprio governador, Sérgio Cabral, no início do mês passado, como a próxima a ser instalada no Estado. Ele havia feito o anúncio ao comentar operação policial que terminou com a morte de dez pessoas na favela Nova Holanda.
"Não vamos nesse momento fazer a ocupação na Maré. O desafio lá é a quantidade de policiais que temos de colocar. A previsão é de que são necessários 1.500 homens; isso já é um desafio. Temos que formar policiais e capacitá-los para que possam mapear ainda aquela região", afirmou o coronel Castro, recém nomeado comandante da Polícia Militar, em entrevista ao RJ TV. Castro nem sequer confirmou que a Maré será "o próximo passo" da política de pacificação. "Nada está definido", afirmou.

A mudança surpreendeu associações de moradores e organizações não governamentais que atuam na Maré e tinham até mesmo reunião preparatória da ocupação agendada para esta quinta-feira, 08, com o Comando de Policiamento Especial (responsável por unidades como o Choque e o Batalhão de Operações Especiais - Bope).

"É compreensível que, com a mudança, o comando queira repensar e replanejar a ocupação, mas nos preocupa porque se ele fala em treinamento da tropa é porque nada estava organizado. A gente vem fazendo um trabalho para que a UPP garanta direito à segurança pública aos moradores da Maré, mas na realidade essas ações são feitas sem planejamento, em resposta a eventos trágicos", afirmou Eliana Sousa Silva, diretora da Redes de Desenvolvimento da Maré.

Na segunda-feira, o secretário-geral da Anistia Internacional, Salil Sheety, visitou a favela Nova Holanda, na Maré, onde ouviu relatos de abuso sexual. Ele criticou ainda o "uso excessivo da força policial" e a impunidade dos crimes cometidos por agentes de segurança no Brasil.