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Namorado brasileiro de jornalista que revelou espionagem por meio de Snowden é detido em LondresDeputados querem ouvir embaixador britânico sobre retenção de brasileiro em LondresAutoridades insistem em explicações sobre espionagem e detenção de brasileiroPolícia Metropolitana de Londres defende detenção de MirandaItamaraty convoca embaixador britânico para tratar da retenção de brasileiro em LondresBrasileiro retido em Londres passou por interrogatórioMiranda foi detido enquanto estava em trânsito em Heathrow e mantido, sem direito a comunicação, por quase nove horas – a partir daí o governo britânico teria que buscar novas justificativas para mantê-lo detido.
"É altamente improvável que David Michael Miranda, em trânsito em um aeroporto do Reino Unido, tenha sido detido de forma aleatória, dado o papel que seu marido teve em revelar a verdade sobre a natureza ilícita de vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos", disse a diretora sênior de Legislação e Política da Anistia Internacional Widney Brown.
David foi detido sob a Cláusula 7 da lei antiterrorismo. "Simplesmente não há base para acreditar que David Michael Miranda apresente qualquer ameaça para o governo do Reino Unido. A única intenção possível por trás desta detenção foi perturbar a ele e a seu marido, o jornalista do Guardian Glenn Greenwald, por seu papel em analisar os dados divulgados por Edward Snowden”, ressaltou Brown.
A Cláusula 7 da lei antiterrorismo permite à polícia deter qualquer pessoa na fronteira do Reino Unido, sem exigência de apresentar uma causa provável, e mantê-la por até nove horas, sem justificativa adicional. O detido deve responder a todas as perguntas, mesmo sem advogado presente. É considerado crime para o detento se recusar a responder às perguntas - independentemente dos motivos da recusa - ou não cooperar plenamente com a polícia.
No domingo, o Ministério das Relações Exteriores classificou como "medida injustificável" a retenção do brasileiro no Aeroporto de Heathrow. Em nota, o governo brasileiro manifesta "grave preocupação" em relação ao episódio, ocorrido neste domingo.
A ação, de acordo com o Itamaraty, foi baseada na legislação britânica de combate ao terrorismo e envolveu uma pessoa "contra quem não pesam quaisquer acusações que possam legitimar o uso da referida legislação". Ainda segundo a nota, "o governo brasileiro espera que incidentes como o registrado com o cidadão brasileiro não se repitam".
Também por suspeitas de ligação com terrorismo, policiais de Londres mataram, em 2005, o mineiro Jean Charles de Menezes, de 27 anos. Ele foi confundido com um terrorista em um trem do metrô da capital britânica. A morte de Jean Charles ocorreu depois de uma série de atentados ao sistema de transporte público de Londres.