Os ministros das Relações Exteriores do Brasil e do Reino Unido, Antonio Patriota e William Hague, conversaram na tarde desta segunda-feira, por telefone, sobre a detenção do brasileiro David Miranda no Aeroporto de Heatrow, em Londres. Patriota e Hague definiram que representantes dos dois países permanecerão em contato na busca de uma solução para o impasse envolvendo o assunto. Em comunicado de dois parágrafos, a embaixada britânica informa sobre a conversa, mas ressalta que o assunto está sob responsabilidade da polícia londrina.
"O ministro das Relações Exteriores britânico [Wiliam Hague] teve uma conversa particular com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, sobre a detenção de David Miranda durante uma ligação telefônica esta tarde [19]. Eles concordaram que representantes dos governos brasileiro e britânico permanecerão em contato sobre o assunto. Esta continua sendo uma questão operacional da Polícia Metropolitana de Londres", diz a nota. Em seguida, a embaixada reitera que as relações com o Brasil são intensas e de estreita parceria: "O Reino Unido e o Brasil têm uma forte relação bilateral. Nós trabalhamos em estreita parceria em diversas áreas, incluindo comércio e investimento, educação e energia. Continuamos a discutir uma vasta gama de questões de importância mútua para a política externa e para a agenda de segurança internacional", diz o embaixador britânico, Alex Ellis, no comunicado. De manhã, Patriota disse que a detenção de Miranda, no domingo, durante nove horas, no Aeroporto de Heathrow, não se justifica. Miranda é companheiro do jornalista do diário inglês The Guardian, Glenn Greenwald, que divulgou informações sobre o esquema de espionagem do governo norte-americano. "Espero que não volte a acontecer. Hoje mesmo deverei conversar com o chanceler William Hague, do Reino Unido", disse o chanceler brasileiro, que, em discurso no Rio na manhã de hoje, condenou os 'desmandos e desvios' que vêm sendo cometidos em nome do combate ao terrorismo no mundo. Segundo Patriota, há vários exemplos desse tipo de desmando, entre eles o enquadramento de pessoas mesmo sem justificativa alguma para a suspeita de envolvimento delas com o terrorismo. "Continuamos a assistir alguns desmandos e desvios nessa questão do combate ao terrorismo. Reconhecemos que é um combate legítimo, que precisa ser articulado de forma a impedir que vidas inocentes sucumbam a atos de violência gratuita, mas também precisa se inspirar nos ideais de multilateralismo, direito internacional e racionalidade", acrescentou Patriota.