Pode chegar a oito o número de policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha que serão denunciados à Justiça acusados de tortura contra moradores da favela situada na zona sul do Rio. Até esta sexta-feira, três haviam sido identificados apenas por apelidos. Em relação aos outros cinco, o Ministério Público do Rio já conseguiu levantar nome completo e matrícula na PM. Pelo menos três policiais desse grupo também são investigados pelo suposto assassinato do pedreiro Amarildo de Souza, de 43 anos, morador da comunidade desaparecido desde 14 de julho.
A promotora Marisa Paiva, da 15ª Promotoria de Investigação Penal, instaurou três procedimentos criminais para apurar denúncias de tortura contra moradores da Rocinha. O primeiro foi aberto na semana passada, após um menor de 17 anos, filho de um primo de Amarildo, ter contado em depoimento ao Ministério Público que foi torturado por PMs da UPP em três ocasiões. O rapaz citou cinco policiais que teriam participado dos crimes.
Antes de oferecer denúncia à Justiça contra os policiais, a promotora vai ouvir mais uma testemunha. Ela ainda vai solicitar que os PMs acusados sejam ouvidos na 15ª DP.
Os outros dois procedimentos foram instaurados na última quarta-feira, após a promotora e o procurador Márcio Mothé, coordenador de Direitos Humanos do MP-RJ, visitarem a Rocinha e ouvirem os depoimentos de oito moradores.
Em um dos casos, a vítima da tortura supostamente cometida por PMs é um menor de 15 anos. Ele acusou cinco policiais. No segundo caso, uma das sessões de espancamento foi filmada e veiculada numa rede social da internet.
Nas denúncias que serão oferecidas à Justiça, a promotora Marisa Paiva não deve pedir a prisão preventiva dos PMs acusados de tortura, mas apenas que eles sejam suspensos liminarmente das funções, antes mesmo do julgamento dos processos.
A Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio vai realizar Neste sábado, 31, a reprodução simulada dos últimos passos de Amarildo, até seu sumiço. Estarão presentes todos os PMs da UPP investigados, além do promotor Homero Freitas, que acompanha o inquérito, e parentes do pedreiro.
Os investigadores vão fotografar todo o trajeto feito por Amarildo, desde que foi levado de sua casa, na rua 2, até a sede da UPP, no Portão Vermelho, na parte alta da favela. Os peritos também vão cronometrar cada movimento, com o objetivo de encontrar possíveis inconsistências nos depoimentos dos investigados.
Oficialmente, a DH considera duas hipóteses: que o crime tenha sido cometido por PMs da UPP ou por traficantes.
O inquérito da DH completou 30 dias nesta sexta-feira. O promotor Homero Freitas esteve na delegacia, onde se reuniu com o delegado Rivaldo Barbosa e deu seu parecer. PMs também estiveram ontem na delegacia para prestar novos depoimentos.