Segundo o prefeito de Buerarema, Guima Barreto, ao menos 67 pequenas propriedades rurais de Buerarema, Ilhéus, Una e de São José da Vitória haviam sido ocupadas até domingo. A maioria delas fica em Buerarema, onde, de acordo com Barreto, “o quadro está feio”.
“A situação está se agravando. Se nada for feito vai haver mais derramamento de sangue”, disse Barreto, se referindo à ocorrência registrada no domingo e aos protestos como o do último dia 24, quando casas foram incendiadas e ao menos uma loja e uma agência dos Correios foram depredadas e uma loja de abastecimento Cesta do Povo foi saqueada pela segunda vez. À frente da manifestação estavam produtores rurais cujas propriedades foram ocupadas e segmentos da população que se sentem afetados pela ação indígena.
A ocupação de fazendas foi a forma encontrada por índios tupinambás para exigir do governo federal a conclusão do processo de demarcação da Terra Indígena Tupinambá de Olivença. A área, de 47.376 hectares (um hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, o equivalente a um campo de futebol oficial), foi delimitada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) em 2009. Para que a reserva saia efetivamente do papel é necessário que o Ministério da Justiça expeça a portaria declaratória, reconhecendo a área como território tradicional indígena. A última etapa do processo é a homologação pela Presidência da República. Se aprovada, a reserva abrangerá parte do território de Buerarema, Ilhéus e de Una.
Diante dos confrontos e tumultos, o efetivo da Polícia Militar (PM) foi reforçado. Há duas semanas, agentes federais e da Força Nacional foram deslocados para o município. De acordo com Guima, ainda há, no centro de Buerarema, ao menos 15 barracas ocupadas por produtores expulsos de suas terras.
“O governo federal tem que estar ciente de que quem cala consente e que a única forma de acalmar os ânimos é anulando o processo em que a Funai reconheceu a área como terra indígena e fazendo um novo processo, com consulta à Embrapa e aos ministérios da Cidade e da Agricultura. E enquanto isso for feito, a Justiça decretar a reintegração de posse aos produtores”, disse Guima.