O afastamento do policial que mandou uma manifestante “tomar no c…” foi visto por estudantes e advogados de defesa dos jovens como pouco significativo. “Afastar é besteira. Ele está servindo de bode expiatório para dar satisfação à sociedade”, afirmou a advogada Maria José do Amaral. “Não é suficiente (afastar o policial). O que precisa é que se pare de criminalizar os movimentos e que o estado reconheça o quão abusivas foram as últimas detenções. Um estado onde o secretário de Defesa Social manda prender sem ter motivo não pode se configurar estado democrático”, afirmou o mestrando em história Rodrigo Dantas.
Sabendo que a resposta dos organismos internacionais em relação às denúncias de abuso por parte da polícia pode demorar, os advogados que prestam assistência aos manifestantes preparam outras alternativas. A advogada Maria José do Amaral quer, por exemplo, que o STF coloque um ponto final na polêmica das máscaras. O procurador-geral de Justiça, Aguinaldo Fenelon, afirmou que o simples uso de máscaras em manifestações pacíficas não constitui crime. A política da Secretaria de Defesa Social, no entanto, tem sido a de coibir que adeptos de estratégias como a Black Bloc escondam o rosto.
“A SDS, dentro de seu poder discricionário de prevenir a prática de crimes, decidiu impedir que mascarados com perfil desses grupos participem dos atos. Há vários exemplos aqui e fora que nos leva a crer que eles estão ali para praticar crimes”, afirmou Damázio.
Além de recorrer ao STF, os advogados dos manifestantes pretendem pedir o trancamento de ações penais contra os jovens detidos e entrar com habeas corpus preventivo para os participantes dos protestos, além de medida cautelar reparatória e pedido de indenização. Um dos detidos, o estudante de fisioterapia Cristiano Vasconcelos, 21, disse que vai entrar com ação contra o estado. Ele foi levado para uma delegacia em viatura policial sem sequer saber o motivo e liberado após duas horas, aproximadamente.