Apesar da pressão da oposição - e até de alguns aliados na Assembleia Legislativa - pela exoneração do subsecretário de Segurança Pública da Bahia, Ary Pereira de Oliveira, que nesta terça-feira, 10, atirou contra integrantes do MST que protestavam na frente da sede da secretaria, o governador baiano Jaques Wagner (PT), defendeu o subordinado e acusou o MST de ter cometido "um exagero".
Segundo Wagner, "as pessoas não podem confundir democracia com baderna" e "não é razoável que a sede da Segurança Pública ou de qualquer outra secretaria seja invadida por uma porção de gente com foice, facão, enxada".
A confusão ocorreu por volta das 8 horas de terça. Um grupo de cerca de mil integrantes do MST, que acampava na área externa da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na Bahia desde a segunda-feira, decidiu ir até o prédio da SSP, que fica nas proximidades, para protestar contra a demora na investigação sobre o assassinato de Fábio Santos, um dos líderes do movimento no Estado, morto a tiros em abril, no município de Iguaí, 497 quilômetros ao sul de Salvador.
Segundo as lideranças do MST, assim que a manifestação chegou à sede da secretaria, Pereira teria começado a atirar, dando três disparos. De acordo com a assessoria da SSP, porém, apenas um tiro teria sido dado - e, ainda assim, depois que integrantes do movimento invadiram o saguão do prédio, armados com foices e facões. Ninguém ficou ferido, mas uma das portas do prédio ficou danificada.
Após a confusão, o grupo montou acampamento na frente da secretaria, que só foi desfeito no início da noite, após uma reunião entre as lideranças do MST com o secretário de Segurança Maurício Barbosa. Os integrantes do movimento foram, então, para a frente da sede da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura (Seagri), onde seguem acampados, pressionando por regularização fundiária para os assentados no Estado.