Desde 2011, o governo Sérgio Cabral (PMDB) já pagou R$ 7,3 milhões à Condor S/A Indústrias Químicas, fabricante de armas e munições não letais, como sprays de pimenta, granadas de efeito moral, de gás lacrimogêneo e de luz e som, além de balas de borracha. Com as manifestações iniciadas em 6 de junho, o dinheiro destinado à empresa no primeiro semestre deste ano (R$ 2 milhões) já supera em 66% o que foi gasto no ano passado (R$ 1,2 milhão).
Levantamento feito no Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem) pelo gabinete do deputado estadual Luiz Paulo (PSDB), a pedido do Estado, mostra que cinco órgãos do governo repassaram dinheiro à Condor neste segundo mandato de Cabral.
Entre eles, dois que não estão diretamente ligados à segurança pública: a Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio (Faperj), que pagou R$ 160 mil; e a Secretaria Estadual de Governo (Segov), com R$ 17 mil. Na justificativa para o gasto da Secretaria de Governo, consta a aquisição de 138 sprays e 15 espargidores de pimenta para o Projeto Lei Seca, que está sob o guarda-chuva da Segov.
Os outros órgãos estaduais que gastaram com armamentos não letais são a Secretaria de Segurança, com R$ 4,3 milhões; a Polícia Militar, com R$ 2,6 milhões; e a Secretaria de Administração Penitenciária, com R$ 240 mil.
Reposição
O maior gasto do governo estadual com a Condor ocorreu em 2011: R$ 4,1 milhões. Naquele ano, a Secretaria de Segurança comprou 2.890 granadas de diversos tipos (efeito moral, luz e som, lacrimogênea, pimenta e fumígena), além de milhares de balas de borracha. A justificativa é de foi comprado material para a reposição do estoque.
Outro lado. A Faperj informou que a Condor foi selecionada no edital 28/2012, com projeto “exclusivo para desenvolvimento de tecnologia nacional de armas não letais até um protótipo de arma elétrica que se transforme em cabeça de série para a indústria”. A Fundação informou que não compra armas não letais.
Já a Secretaria de Governo afirmou que as armas não letais podem ser usadas em “situações em que a integridade física dos agentes e/ou dos motoristas abordados venha a ser colocada em risco” durante as blitze da Operação Lei Seca, que têm a participação de PMs.