Três unidades prisionais do estado da Paraíba acabam de inaugurar uma política pública até então inédita no país. As penitenciárias Flósculo da Nóbrega, Dr. Romeu Gonçalves de Abrantes e Regional Raimundo Asfora ganharam alas especiais para detentos que se identifiquem como lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais ou transgêneros.
De acordo com o Secretário de Estado de Administração Penitenciária, Walber Virgolino, a ação busca preservar a integridade física dos detentos, independente da orientação sexual de cada um. "Com iniciativas como esta, nós estamos garantindo o direito das pessoas de exercerem sua orientação sexual da forma que desejarem e, ao mesmo tempo, evitamos que elas sofram qualquer tipo de agressão", afirmou.
A unidade Flósculo da Nóbrega, conhecida como Presídio do Roger, fica em João Pessoa e é a mais antiga do estado. É lá que a ala recém-inaugurada conta o maior número de presos. Até esta sexta-feira, sete pessoas dividiam o espaço. Nas outras unidades, uma em João Pessoa e outra Campina Grande, o fluxo costuma variar, já que, segundo a administração, dentro das prisões o preconceito ainda existe e para conseguir a transferência, a pessoa precisa se identificar como homossexual.
Para os integrantes da ala LGBT do Presídio do Roger, desde a implantação do programa, os constrangimentos e abusos por parte dos colegas diminuíram consideravelmente.
O diretor adjunto do presídio, Lincoln Gomes, destacou que quem entra no local nota de imediato uma diferença entre as alas comuns e as recém-inauguradas. "Na ala LGBT os presos se esforçam para manter o ambiente limpo e desde a implantação, nenhum deles apresentou problema de disciplina. Isso é bom pra eles, para a vivência dentro da unidade e para suas famílias, que ficam um pouco mais tranquilas", destacou.