A menina não chegou a desenvolver a infecção. O hospital procurou outras crianças que entraram em contato com a paciente. Também fechou leitos para permitir o isolamento daqueles que estavam internados e a desinfecção das enfermarias. Ainda há pacientes em isolamento, mas não foram diagnosticados novos casos.
O superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria Estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, esclareceu que nenhum dos pacientes identificados no Rio adoeceu. "Não foram casos de infecção. As pessoas foram colonizadas pela bactéria com mecanismo de resistência mais amplo. Não há indicação para interromper a rotina do funcionamento dos hospitais", afirmou Chieppe. Ele ressaltou que foram colocados em ação planos para conter a infecção, com intensificação da limpeza de ambientes.
O infectologista Alberto Chebabo, chefe do serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explica que a infecção por superbactéria pode ser grave para pacientes com baixa imunidade, que estão em longas internações. "A bactéria se torna resistente a vários antibióticos. São poucas as opções de tratamento". Ele ressalta que o controle é muito difícil. "É importante evitar a superlotação, melhorar a higienização das mães e a vigilância de bactérias. Agora vamos ter que saber se ela vai se adaptar e ficar permanentemente no Brasil, se vai se espalhar ou se serão casos esporádicos".
As superbactérias aparecem a partir de uma mutação genética. Bactérias que já estão presentes no organismo, como a E. Coli, sofrem a modificação e passam a produzir enzimas que anulam o efeito do antibiótico. NDM-1 é a sigla pela qual é conhecida a enzima que torna a bactéria multirresistente. Significa "New Delhi Metallobetalactamase". O primeiro caso foi registrado em Nova Délhi, na Índia, em um paciente sueco, em 2009. Superbactérias com essa mutação foram identificadas nos Estados Unidos, Canadá, países da Europa e da América Latina.