Os organizadores do evento afirmam que não se responsabilizarão pelo golpe. “Em geral, as pessoas compram esses ingressos com antecedência e começam a vendê-los. Mas a veracidade deles só é garantida pela venda oficial. Usamos várias estratégias para evitar falsificações, mas elas podem acontecer”, diz Fabiane Guimarães, gerente de comunicação do festival.
Durante os três primeiros dias de shows, segundo Fabiane, não chegaram à organização casos de ingressos falsificados. “Mas foram presos alguns cambistas que tentavam vender ingressos nas imediações da Cidade do Rock”, diz.
As primeiras vítimas do golpe surgiram há poucas semanas. É o caso do físico Whalem Santos, de Uberlândia, em Minas Gerais. Por meio de boleto bancário, ele pagou R$ 300 pelo ingresso com direito a uma camiseta. Após desconfiar que havia sido enganado, descobriu que o boleto, na verdade, era uma ordem de pagamento. O número que consta no documento é o mesmo para todos que compraram pelo site.
O empresário Rodrigo Toni, de São Paulo, adquiriu dois ingressos, cada um por R$ 450. “Recebi um comprovante da compra por e-mail. Fiquei tranquilo”, relata. Também foi o atraso na entrega que despertou a sua desconfiança. “Quando tentei entrar em contato, os e-mails começaram a voltar”, conta. Acostumado a fazer compras pela internet, Toni relata que não desconfiou do site, que exibia uma certificação da empresa Visachek, indicando tratar-se de uma “compra segura.”
Há casos em que o prejuízo foi ainda maior, já que também foram comercializados hotel e passagem aérea. Um professor de Camboriú, em Santa Catarina, relata ter perdido mais de R$ 2 mil.
Fraudes
“O melhor jeito de evitar fraudes é tentar identificar o fornecedor”, observa Laércio Godinho Teixeira, assessor técnico da diretoria de atendimento e orientação ao consumidor do Procon. Segundo ele, o internauta deve procurar informações sobre a empresa, como endereço, CNPJ e telefone. Outra medida de segurança é buscar referências do site no endereço www.registro.br. “É uma fonte para verificar se o site existe.”
A reportagem tentou localizar, sem sucesso, os responsáveis pela empresa citada pelas vítimas. Os próprios prejudicados fizeram uma investigação, que chegou a um endereço em Belém, no Pará. Nada foi encontrado no local.
Nos boletos emitidos e nos e-mails enviados aos clientes, constava o nome Ticket Mais. A marca, porém, pertence à empresa Ágape Soluções, que negou ser responsável pelas vendas. “Recebemos muitas reclamações de pessoas equivocadas acreditando que somos os responsáveis. Sugerimos ir ao Procon”, diz o esclarecimento.
Para o Procon, é importante registrar o crime rapidamente. “Quanto mais o tempo passa, mais se perdem os rastros deixados pelo autor das fraudes”, explica Teixeira. A orientação é fazer um boletim de ocorrência nas delegacias especializadas em crimes eletrônicos.