Jornal Estado de Minas

Protesto pelo Passe Livre e contra repressão termina com 16 detidos em Recife

Manifestantes estavam autorizados a usar máscaras durante os atos

Jaílson Paz Marcionila Teixeira Adaíra Sene
Manifestantes atearam fogo em sacos de lixo durante o protesto no centro da cidade - Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A. Press
Terminou com nove adultos detidos e sete adolescentes apreendidos o 9º Ato pelo Passe Livre e Contra a Repressão Policial de Eduardo Campos, nesta quarta-feira (18). O grupo foi ouvido na Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA) nesta noite.
Com eles, foram encontrados escudos de madeira, luvas, cabos de vassoura, pedaços de pau, bandeiras do Brasil, tocas ninja, máscaras, uma faixa da Unidade Vermelha e um estilete.

Os depoimentos foram colhidos pelo delegado Joselito Kehrle, diretor de Polícia Especializada, que vai individualizar as condutas com base no depoimento de testemunhas, provas e imagens da manifestação. Os detidos deverão responder por dano ao patrimônio público, corrupção de menores e resistência à prisão.


Um dos manifestantes presos, Bruno Torres Mendes Soares, 19, estudante de História na UFPE, integra a Unidade Vermelha e se defendeu dizendo que o grupo não participa de depredações. "Se alguma câmera filmou vai ver que eu não rinha nem como depredar nada, porque estava segurando uma faixa".

Como havia prometido a cúpula da Secretaria de Defesa Social (SDS), os manifestantes puderam usar máscaras, como havia recomendado o Ministério Público de Pernambuco à SDS. As bolsas, no entanto, foram revistadas no início do protesto, mas nenhum material suspeito foi encontrado. Apesar do MPPE também ter recomendado a identificação de todos os policiais, alguns ainda circulavam sem os nomes no colete à prova de bala.

Segundo o chefe do Estado Maior, coronel Paulo Cabral, os coletes são de uso coletivo, mas outros, com velcro, estão sendo providenciados para viabilizar a identificação. A explicação de Cabral foi dada em meio ao bloqueio imposto pela PM na altura do Tribunal Regional do Trabalho, impedindo que o grupo seguisse ao destino inicial, que era a Prefeitura do Recife. A ideia era abrir um diálogo junto a representantes do governo municipal.
Os policiais obrigaram os detidos a ficarem deitados no chão durante a revista - Foto: Jailson da Paz/DP/D.A Press
Spray

Apesar das balas de borracha serem economizadas, os PMs não dispensaram o uso do spray de pimenta ao final da manifestação, na Rua Manuel Borba, Boa Vista, para conter manifestantes que estariam envolvidos na depredação da fachada do posto do VEM, e para afastar curiosos ou o pessoal do mídia ninja. Esse foi o momento de maior tensão, quando houve correria de manifestantes e policiais entre os carros engarrafados.

No percurso, Black Blocs também picharam o símbolo do anarquismo na bandeira do Brasil e em uma parada de ônibus, na Avenida Martin Luther King, Bairro do Recife.
Um coletivo e paredes foram pintadas com os dizeres “passe livre”, principal reivindicação dos estudantes, junto com a instalação de uma CPI do transporte público. Em duas ocasiões, eles montaram barricadas tocando fogo em sacos de lixo no cruzamento da Rua Princesa Isabel com a Rua do Hospício e na Rua da Soledade com a Avenida Conde da Boa Vista.

A PM calcula que havia cerca de 200 manifestantes no ápice da caminhada, que percorreu desde o Parque 13 de Maio até a Rua da Soledade, passando pelas principais ruas do centro do Recife, como a Conde da Boa Vista, a Guararapes e Dantas Barreto. No percurso, alguns comerciantes fecharam as portas com medo de depredação. Enquanto isso, os estudantes também faziam bloqueios humanos deitando nas vias. Em um desses momentos, enquanto a PM fazia uma barreira ao longo da Conde da Boa Vista, manifestantes, em sinal de confronto, ficaram de frente para a tropa.

O número de participantes desta vez foi menor que os demais protestos. Em contrapartida o esquema de segurança foi reforçado. Além dos 500 PMs, havia 70 guardas municipais e 25 agentes de trânsito.

Colaborou Larissa Rodrigues