Moradores e líderes comunitários acreditam que a quantidade de pessoas nas duas ocupações é muito maior. “Há, pelo menos, 120 mil pessoas vivendo no Pôr do Sol e no Sol Nascente. É muito complicado uma pesquisa por domicílio ser eficaz aqui. Há lotes com dezenas de casas, residências com mais de uma família morando. Enfim, uma estrutura domiciliar completamente diversa da dos outros locais do DF”, analisou o líder comunitário Carlos Botani.
O crescimento vertiginoso foi apontado pela Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad), divulgada ontem pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). O levantamento mostrou também que as duas localidades detêm os piores indicadores de infraestrutura de toda a capital. Apenas 6,1% das residências são ligadas à rede de esgoto. Os caminhões de lixo não atendem 54,15% dos domicílios, e 94% das ruas não são pavimentadas. “O que mais nos chamou a atenção na pesquisa foi o tamanho do Pôr do Sol e do Sol Nascente. A população supera muito a de outros bairros populares. A Estrutural, por exemplo, tem 30 mil habitantes. Além disso, por serem ocupações mais recentes, elas estão em uma situação muito ruim de infraestrutura. O Estado ainda não chegou lá em muitos pontos, e a demanda por infraestrutura é grande”, afirmou o presidente da Codeplan, Júlio Miragaya.
Morador do Sol Nascente há 10 anos, o diagramador Daniel Ribeiro Soares, 54, comemorou a chegada de tratores e operários na rua onde mora há cerca de dois meses. “Era para, finalmente, colocarem a tubulação de esgoto. Mas, mal deu tempo de furarem o chão, o edital foi suspenso e eles (trabalhadores) foram embora”, contou o morador. Daniel mora com a esposa e a filha de 16 anos, e conta que, com a chuva, a falta de estrutura transforma-se em transtornos e riscos à saúde. “É mais fácil contornar a falta de asfalto, o lixo espalhado e o esgoto correndo na rua quando não chove. Quando a água cai, vira um rio, cheio de lixo”, afirmou.