Desde que engravidou há seis meses, Orlanda Silva de Oliveira, 25 anos, não via um médico no posto do PSF de sua comunidade, o Alto da Igreja, em Ponte dos Carvalhos, Cabo de Santo Agostinho. Ao saber ontem da chegada do uruguaio Gonzalo Ramiro Lacerda Casaman, 31, a dona de casa animou-se com a perspectiva de ter os últimos meses da gestação acompanhados por um médico. Gonzalo é um dos quatro profissionais formados no exterior selecionados na primeira etapa do Mais Médicos, do Ministério da Saúde, para o Cabo. Nessa fase, 46 profissionais com diplomas estrangeiros vão para 27 cidades pernambucanas.“A expectativa era grande para o começo do trabalho”, afirmou Gonzalo, que ontem recebeu o registro do Cremepe. O documento também foi expedido para o espanhol Miguel Angel Lomba Martinez, 47, e a mineira Patrícia Renata Dutra de Moura, 33. Ela cursou medicina na Espanha, assim como Miguel, com quem é casada. Patrícia vai atuar no bairro de São Francisco e Miguel ficará no Malaquias.

Os médicos vão trabalhar em comunidades pobres. “Viemos sabendo muito bem disso”, afirmou Patrícia, que sonhava em voltar ao Brasil. No Alto da Igreja, há 419 hipertensos nas 1,3 mil famílias residentes. As mulheres em idade fértil (1.712) representam mais de 30% dos habitantes. Antes do Cabo, Bom Conselho, no Agreste, havia recebido duas cubanas na quinta-feira.

O Cremepe concedera, até este sábado, 38 registros para estrangeiros atuarem pelo Mais Médicos. Entre as oito pendências está a do espanhol David Jofre, 54. A habilitação dele depende da entrega de documentação, o que pode ocorrer, segundo o secretário nacional de Gestão do Trabalho e Educação, Mozart Sales, nos próximos dias. Todos os médicos do programa, adiantou Mozart, vão receber um tablet com cadernos de saúde sobre as principais doenças e legislação brasileiras até o dia 15 de outubro. Em todo o Brasil, na primeira fase do programa, 670 médicos com diplomas estrangeiros estão aptos para trabalhar em 359 municípios.

O Brasil pela TV
Formado em Cuba, o uruguaio Gonzalo Ramiro Lacerda Casaman, 31, começará a trabalhar em Ponte dos Carvalhos, no Cabo, na segunda-feira. Ele atuava, antes de se inscrever no Programa Mais Médicos, no seu país de origem. “O mais difícil no Nordeste é se adaptar ao calor, mas vou conseguir. Tenho um pouco dos costumes brasileiros, pois cresci assistindo a programas infantis da televisão do Brasil”, confessou. O uruguaio possui seis anos de experiência na área de clínica de geral.