A bióloga gaúcha Ana Paula Maciel, de 31 anos, e outros 13 ativistas foram acusados de pirataria pela promotoria da Rússia e podem pegar até 15 anos de prisão. Eles fazem parte de um grupo de 30 pessoas que estavam a bordo do navio Arctic Sunrise, do Greenpeace, e foram presas em 19 de setembro, após um protesto em uma plataforma de petróleo contra a exploração no mar de Pécora, no Oceano Ártico.
A acusação de pirataria foi aventada pela promotoria desde o princípio, mas o próprio presidente russo, Vladimir Putin, deu a entender que a ideia seria deixada de lado.
“Eu não sei os detalhes do que aconteceu lá, mas obviamente eles não são piratas. Apesar de que formalmente eles tentaram apoderar-se da nossa plataforma”, disse em entrevista coletiva na semana passada.
“A acusação de pirataria está sendo lançada contra homens e mulheres cujo único crime é a posse da consciência. Isso é ultrajante e representa nada menos do que um ataque ao direito fundamental de protesto pacífico”, disse Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace Internacional. As acusações para os demais serão feitas hoje.
O Itamaraty instruiu o embaixador brasileiro em Moscou, Fernando Barreto, a dar uma “carta de garantia” ao advogado do Greenpeace que está defendendo Ana Paula. O documento traz a palavra de Barreto garantindo que ela permanecerá em território russo durante todo o processo de investigação, que vai durar dois meses. Com a carta, a defesa vai entrar com o pedido para que ela possa responder em liberdade.
“Houve um endurecimento do governo, a decisão foi descabida, não violamos a soberania russa”, disse Sergio Leitão, diretor de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil. Ele explica que o protesto faz parte de uma campanha para que o Ártico fique livre da exploração de petróleo, tendo em vista que a região é uma das que mais vêm sofrendo com o aquecimento global. “E o uso de combustível fóssil é o que está acelerando isso.”
De Porto Alegre, a família de Ana Paula afirma que ainda não conseguiu falar com ela. Seu pedido de ligação foi negado. “Ela passa recados pelo advogado que está acompanhando o caso, que repassa à embaixada em Moscou, que me liga”, conta sua mãe, Rosângela Maciel.