Jornal Estado de Minas

Paes dialoga sobre greve com diretores de escolas do RJ

Segundo Paes, um novo encontro deve acontecer na próxima terça-feira

Agência Estado
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, se reuniu na manhã deste sábado com representantes de pais e diretores de escolas municipais na tentativa de encontrar saídas para o impasse na greve de professores que se estende por dois meses. Diretores dos conselhos de pais e diretores, eleitos pelas categorias, falaram por mais de três horas sobre a paralisação e a necessidade de discutir um plano de reposição de aulas.
Segundo Paes, um novo encontro deve acontecer na próxima terça-feira, dia 08, com integrantes do conselho de professores e funcionários. A medida, idealizada pelo prefeito, visa estabelecer um canal alternativo ao Sindicato de Educadores e Profissionais de Ensino (Sepe), que tem comandado as manifestações grevistas.

"É um processo de diálogo. Convidei os conselhos para ouvir e tentar entender de que forma podemos avançar", resumiu o prefeito. Perguntando se os encontros vão contemplar também o sindicato, Paes não respondeu e encerrou a coletiva. Antes, ele havia afirmado que se reuniu dez vezes com o sindicato e que não poderia "sentar numa mesa de negociação que não tem limites, agenda ou pauta."

"Queremos deixar claro que já avançamos, com o plano de cargos que aumenta a remuneração deste ano, que reconhece as carreiras, e os direitos de aposentados. Mas não se avança tudo do dia para a noite, com faca no pescoço ou com greve. Diálogo pressupõe sentar e discutir, não partir para o radicalismo", disse.

Na avaliação do prefeito, cerca de 85% dos professores estão dando aulas normalmente. Paes afirmou também que diretores de escola são "heróis", por abrirem as escolas e darem aulas em substituição aos grevistas. "Os pais estão angustiados. É claro que o interesse da classe é legítimo, mas ela deixa de ser quando prejudica as crianças que estão sem aula", concluiu.

Manifestações

A greve teve início em agosto. Em setembro, após dez dias suspenso, o movimento retornou questionando a proposta para o plano de cargos e salários da prefeitura. Na última terça-feira, a Câmara de Vereadores aprovou o plano sob forte pressão dos professores, que estavam acampados em frente ao prédio. Os manifestantes foram duramente reprimidos pela polícia durante a votação.

Eduardo Paes afirmou que "grupos radicais" se infiltraram nas manifestações. "Fizemos dez reuniões e não houve nenhum gesto de violência. Professor não ataca prédio, quebra cadeado ou anda mascarado." Após as manifestações, a prefeitura decidiu cortar o ponto dos grevistas. Segundo o prefeito, a reposição será decidida por cada diretoria das escolas.

Após o encontro, a representante dos pais, Sebelina Rocha da Silva, afirmou que a prefeitura está se esforçando para dialogar embora não defenda a postura adotada por ela. O conselho solicitou o fim da greve e a retomada das aulas com um plano de reposição.

"Reivindicar direitos é para todos, mas nesse momento nossos filhos estão perdendo seus direitos. As crianças estão na rua, soltas. Crianças que necessitam daquele café da manhã, almoço", afirmou a conselheira, moradora da favela da Maré (zona norte) e mãe de quatro crianças na rede municipal de educação.

Já o representante dos diretores, Niverson Antunes, afirmou que o plano de cargos e salários aprovado "é bom, mas não é perfeito". Responsável pela escola Ginásio Experimental de Artes na Praça Mauá (centro), o diretor classificou a reunião como "extraordinária, uma expressão democrática".

"A greve tem legitimidade, mas já conquistamos algumas coisas. Em relação ao que tínhamos, melhorou. É um avanço chegarmos onde chegamos. É hora de sentar e conversar, discutir questões pedagógicas. O prefeito sinalizou que está aberto ao diálogo", completou Antunes.