Dos 13 presos, só os dois oficiais que tinham cargos de chefia na UPP - o major Edson Santos e o tenente Luiz Felipe de Medeiros - não estão no presídio exclusivo de PMs. Eles foram transferidos no dia 18 para a penitenciária de Bangu 8, na zona oeste, a pedido do Ministério Público, porque, segundo a instituição, estavam se impondo sobre os ex-subordinados para evitar depoimentos que os incriminassem. Nesta quarta-feira, a 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça negou habeas corpus pedido pelo major e pelo tenente e manteve os policiais presos.
Ao todo, 29 PMs foram investigados. Desses, quatro foram considerados inocentes e 25 são acusados pela tortura seguida de morte de Amarildo. Treze estão presos e os outros 12 policiais não tiveram a prisão pedida pelo Ministério Público porque, na avaliação do órgão, tiveram participação menos decisiva no crime e a liberdade deles não interfere no trâmite do processo.
Além do crime de tortura, pelo qual todos são acusados, 17 policiais foram denunciados por ocultação de cadáver, 4 por fraude processual e 13 por formação de quadrilha.
Além de decretar a prisão dos três policiais, anteontem, a juíza Daniella Alvarez Prado, da 35ª Vara Criminal do Rio, também aceitou a denúncia contra os 25 Pms.
"Os delitos imputados (...) afrontam toda a sociedade, na medida em que as UPPs (...) foram criadas com o fito de apaziguarem as comunidades dominadas pelas facções criminosas e coibirem o tráfico ilícito de entorpecentes. Os acusados (...) supostamente tornaram-se tão criminosos quanto os criminosos que perseguiam", escreveu a juíza em sua decisão.
Amarildo morava na Rocinha e foi conduzido por PMs à UPP para "averiguação", em 14 de julho. Ele desapareceu, e a Polícia Civil acusou dez policiais de tê-lo torturado até a morte. Após dar continuidade à investigação e ouvir o depoimento de cinco PMs que trabalhavam na UPP e testemunharam o crime, anteontem o Ministério Público acusou mais 15 policiais de envolvimento no crime.