“Mostraram animais tremendo na TV, mas eles não estão acostumados com isso. Nem sequer estão acostumados a ir para o colo. O que as pessoas não entendem é que eles não são pets. Os ativistas dizem que agora eles estão em casa, em uma caminha quente, com uma comidinha. Eles não estão acostumados a comer comidinha! Eles comem ração. Vai dar diarreia nesses animais. Muitos podem não estar nem conseguindo comer”, alertou.
Silvia deu entrevista ao lado do diretor científico do Royal, João Antônio Pegas Henriques. Eles negaram repetidas vezes que houvesse qualquer tipo de maus-tratos aos animais ou que fosse feito no laboratório teste de cosmético nos cães. “Nós testamos cosméticos, mas só em células, in vitro. Nunca em animais. E nem é lá, mas na unidade de Porto Alegre”, explica Henriques.
Sobre a alegação feita pela apresentadora Luisa Mell, que estava na invasão, de que havia ao menos um animal com a pata quebrada e outros com cicatrizes e tumores, Silvia rebateu. “A pessoa fala que a cadela estava com calombos, gorda. Mas ela estava prenha! Ela não sabe apalpar e sentir que é um feto. Não tem cicatriz nenhuma. Mostraram um animal sem olho dizendo que era do Royal e depois desmentiram. Também não tem pata quebrada, a não ser que algum animal tenha sido quebrado na retirada”, diz.
Eles ainda não estimaram os prejuízos financeiros e científicos, mas dizem que “não deve ser pouca coisa”. Segundo Henriques, microscópios avaliados entre R$ 80 mil e R$ 100 mil foram quebrados e equipamentos de laboratório, computadores e materiais de testes, levados.
“Além de perdermos as pesquisas que estavam em andamento para drogas anticâncer, diabete, hipertensão, epilepsia, de antibióticos e anti-inflamatórios, ainda desperdiçamos toda a pesquisa para a padronização genética dos cães usados. Foram dez anos para que eles chegassem aos níveis de padrão internacional para testes de fármacos”, afirma Henriques.
Segundo ele, testes do laboratório levaram à aprovação de uma droga antimalária da Fiocruz e de mais outros três medicamentos que estão no mercado. Ele não quis informar, no entanto, quais são os produtos nem de quais farmacêuticas,
Boas práticas
Apesar de cães serem usados em outros laboratórios, em especial em universidades, Royal é o único do País que tem o reconhecimento de Boas Práticas de Laboratório (BLP) - e por isso outros não fazem testes de fármacos de empresas. O instituto também é o único criador de beagles voltados para pesquisas. Segundo Sílvia, cada filhote custa em torno de R$ 2,4 mil. Fêmeas usadas para procriação são mais caras.