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IBGE mostra Brasil com mais de 11 milhões de moradores em favelasMaioria de domicílios irregulares no país tem apenas um pavimentoO pesquisador da Coordenação de Geografia do IBGE, Maurício Gonçalves e Silva, lembrou que embora as desigualdades entre moradores de favelas e de outras áreas urbanas do Brasil não sejam novidade, a dimensão dessas discrepâncias sociais e educacionais foi dada pela primeira vez com o estudo.
Em relação aos rendimentos, 31,6% dos moradores dos aglomerados subnormais tinham rendimento domiciliar per capita até meio salário mínimo, ante 13,8% nas outras áreas urbanas. Apenas 0,9% dos moradores de comunidades carentes tinham rendimento domiciliar per capita de mais de cinco salários mínimos, ante 11,2% nas demais áreas da cidade.
Quase 28% dos trabalhadores moradores dessas comunidades não tinham carteira assinada em relação às outras áreas da cidade (20,5%). A exceção foi verificada em Florianópolis, onde 10,5% dos moradores de comunidades pobres não tinham carteira assinada, ante 15,1% das demais áreas da cidade.
O estudo mostra também que a geladeira e a televisão eram os bens praticamente universalizados tanto nos domicílios irregulares quanto nas habitações regulares. Também não foi verificada diferença na posse de motocicleta entre as duas áreas, sendo 11,3% nas demais áreas e 10,3% nos aglomerados subnormais. As desigualdades maiores foram registradas quando a pergunta era sobre posse de máquina de lavar, computador e acesso à internet. Menos da metade dos moradores em aglomerados subnormais (41,4%) tinha máquina de lavar, ante 66,7% dos moradores nas demais áreas; 27,8% tinham computador, em comparação com 55,6% da população das outras áreas; e 20,2% tinham computador com acesso à internet, contra 48% das demais áreas.
Ao comparar o tempo de deslocamento para o trabalho gasto por moradores de favelas com o de outras partes da cidade, a pesquisa revelou pouca variação entre um grupo e outro. Enquanto 19,7% dos trabalhadores brasileiros que moravam em aglomerados subnormais demoravam mais de uma hora por dia no deslocamento para o trabalho, esse percentual para quem morava em outras áreas da cidade era 19%. No Rio de Janeiro, 21,9% dos moradores de favelas levavam mais de uma hora por dia para chegar ao trabalho, enquanto nas outras áreas da cidade essa proporção era 26,3%. Em Salvador, a diferença era 21,8% para os moradores de habitações irregulares e 22,12% para as irregulares.
Em São Paulo, 37% da população residente em aglomerados subnormais levavam mais de uma hora para chegar ao local de trabalho, em contraste com 30% dos moradores das demais áreas da cidade. No caso do Rio e de Salvador, o pesquisador ressaltou que a topografia dessas cidades colaborou para que as pessoas ocupassem áreas centrais também como estratégia para economizar tempo e dinheiro no percurso casa-trabalho.