Entre os intercambistas estão seis brasileiros, quatro bolivianos, uma argentina, uma portuguesa e um venezuelano. Além deles, três brasileiros formados no País já haviam iniciado o atendimento em setembro. Brasileiros e intercambistas já realizaram 1.239 atendimentos, em 13 Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Com quase metade da equipe de médicos desfalcada, a UBS Reunidas 2, em Sapopemba (zona leste), foi uma das que receberam um médico da primeira fase do programa. Formado em Cuba, o boliviano Flavio Alejandro Baldiviezo Gomes, de 33 anos, iniciou o atendimento na terça-feira. “A atenção básica é igual em todo o mundo. Aqui, a maioria dos pacientes vem por causa de doenças crônicas, é tranquilo. A única dificuldade inicial é o idioma, mas não tive nenhum problema”, afirma.
Falta
Cansados da falta de médicos e da alta rotatividade na unidade, os pacientes da UBS comemoraram a vinda de um novo profissional. “Passei aqui há três meses com uma médica, fiz os exames e, quando voltei para mostrá-los, ela tinha saído. Os médicos não param aqui. Pelo menos esses são obrigados a ficar”, disse a aposentada Iraíldes de Castro Montenegro Bressane, de 80 anos, uma das pacientes de Gomes na manhã de ontem. “Ele pediu todos os exames de novo porque esses não valem mais”, contou.
Inserida no programa Estratégia Saúde da Família, a UBS Reunidas 2 tem sete equipes (os pacientes são divididos de acordo com o bairro), e quatro delas estavam sem médico.
Segundo a gerente da unidade, Ivaldete Rodrigues da Silva, uma das ausências foi preenchida por Gomes e as outras três equipes receberão os médicos cubanos da segunda fase do programa. Em toda a cidade, serão 76 profissionais vindos da ilha. Ainda não há previsão de quando eles iniciarão o trabalho.
Rotina
No Brasil desde fevereiro, Gomes se acostumou à rotina de São Paulo, inclusive ao trânsito. Alugou um apartamento no Tatuapé, na zona leste, e comprou um carro, com o qual se desloca até Sapopemba. “Levo 30 minutos de manhã e mais de 1 hora no fim da tarde”, diz.
Como desvantagem da cidade, o médico aponta a violência. “Não tenho a mesma tranquilidade para andar nas ruas”, diz. Em relação ao programa, reclama que ainda não recebeu o valor prometido pela Prefeitura para ajudar nos gastos com moradia, transporte e alimentação. Pelo apartamento no Tatuapé, ele diz pagar R$ 2 mil mensais. A Secretaria Municipal da Saúde informou que o montante será pago a todos até segunda-feira, e que o atraso se deu por questões documentais e administrativas.