Promessa de visibilidade, dinheiro e uma vida regada a viagens, joias e carros luxuosos levam garotas de programa a se vincularem a redes de prostituição, nas quais o principal objetivo é o enriquecimento ilícito dos aliciadores. Atraídas pelo alto preço cobrado nos encontros e pela produção profissional de fotografias e sites de divulgação, elas aceitavam se submeter à divisão dos lucros com os chefes, cafetões e cafetinas. Na lista de clientes cativos, figuram políticos e empresários, tornando a capital o cenário perfeito para a prática.
Um esquema milionário acabou desarticulado na manhã de segunda-feira (2/12) após seis meses de investigação. A Operação Red Light — em referência ao distrito de Amsterdã famoso pela atividade — resultou na prisão de nove pessoas envolvidas no aliciamento de mulheres. Entre os presos, estão o PM Alexandre Nunes dos Santos e Jeany Mary Corner, uma das chefes da organização, citada na Operação Afrodite, em 2008, e na CPI dos Correios, em 2003. A polícia identificou três núcleos criminosos interligados. O de Jeany e os de Vilma Nobre e de Marilene Oliveira.
Geovani Nunes, um dos acusados, está foragido. Além de aliciar, os 10 suspeitos ameaçavam as garotas para elas não deixarem o grupo. Algumas são casadas, e os líderes diziam que, se fosse necessário, revelariam aos maridos, aos pais e a outros familiares o trabalho como prostituta. Cada uma das mulheres negociava a porcentagem do valor do programa, que acabava nas mãos dos aliciadores. Em alguns casos, até 50% do preço era repassado.
O serviço oferecido pelos criminosos é conhecido na capital e em outras unidades da Federação, onde eles têm influência no meio político e empresarial. Os clientes pagavam caro. Apesar de as garotas contratadas atenderem diferentes públicos, o destaque ficava na clientela de luxo. Um programa com as belas moças poderia custar até R$ 10 mil. Os anúncios eram postados em sites, e os encontros ocorriam em domicílios alugados a esse fim.