Não uma agenda, mas três, oito telefones celulares e um computador portátil podem complicar a vida de muitos políticos, empresários e lobistas de Brasília. O material pertence a Jeany Mary Corner, a mulher de 53 anos apontada como uma das maiores cafetinas do Distrito Federal. Está em poder da Polícia Civil e servirá como prova na investigação sobre a atuação de uma quadrilha de prostituição de luxo na capital do país.
Na Operação Red Light, desencadeada na segunda-feira, agentes da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) recolheram ainda, na casa dela, oito cadernos. Neles, acreditam estar a contabilidade do grupo. Por meio de depoimentos e de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, os policiais descobriram que homens, mulheres e travestis eram explorados de várias maneiras. Além de dividirem os valores dos programas sexuais com as organizações, eles pagavam caro por propaganda em sites especializados, aluguéis de quitinetes, carros e até roupas de cama.
Elas acabaram presas na Red Light, que cumpriu nove dos 10 mandados. O único foragido, até a noite desta terça-feira, era Geovani Nunes, 46 anos. Ele e outros homens tinham a missão de arregimentar travestis e garotos, ainda de acordo com os investigadores. Os agentes não detectaram a presença de pessoas com menos de 18 anos entre as prostitutas, mas flagraram, em grampos telefônicos, que os agenciadores miravam adolescentes e esperavam, ansiosamente, as garotas atingirem a maioridade para serem atraídas ao esquema.