Jornal Estado de Minas

Engenheiro de obra que caiu em Guarulhos já tinha denúncia no CREA

Agência Estado

Obra desabou no fim da tarde de quarta-feira, um operário está desaparecido - Foto: AFP PHOTO / Nelson ALMEIDA  

O engenheiro civil Fernando Madeira Salema, responsável técnico pela construção que desabou na segunda-feira, 2, em Guarulhos (SP), tem três processos e uma denúncia no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP). O operário Edenilson dos Santos, de 24 anos, continua desaparecido.


Durante todo o dia e a noite desta quarta-feira, cerca de 40 bombeiros buscavam pelo operário desaparecido com o auxílio de cães farejadores. Às 20 horas, o capitão do Corpo de Bombeiros Carlos Roberto Rodrigues disse que ainda há chance de encontrar Santos com vida. “Hoje (esta quarta) nós encontramos um espaço de 15 metros entre os escombros no subsolo. Pode ser que haja outros. Ainda há esperança.” Segundo o Crea-SP, dois processos contra Salema são referentes à área de fiscalização e um a infração ao código de ética. O conteúdo dos processos é sigiloso segundo o Conselho, uma vez que após as decisões ainda caberá recurso.
Denúncias
Ele é sócio-proprietário da empresa Salema Comércio, Construções e Projetos Ltda., que realizava a construção de um condomínio residencial de 30 apartamentos e 2 salões comerciais na Avenida Castelo Branco, 1.987, no bairro de Vila Augusta. Em nota, o Crea afirmou que não encontrou erro na documentação da área. “O Crea-SP esclarece que instaurou processo de apuração de responsabilidades, procedendo, no primeiro momento, à verificação dos documentos da empresa responsável e do profissional responsável técnico pela execução, constatando que ambos estão regulares.”

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Guarulhos e Arujá (Sindcongru), Edmilson Girão da Silva, disse que a empresa não cumpria obrigações trabalhistas. “Ela está legalizada, mas os trabalhadores não estavam registrados. Além disso, eles não recebiam o que era de direito como, por exemplo, seguro de vida, cesta básica e vale-transporte.”

Silva disse ainda que o sindicato não tinha conhecimento do local onde os operários dormiam. “Não estávamos cientes desse alojamento no subsolo. Os trabalhadores acabam não falando, com medo de represália.” A empresa já foi notificada pelo Ministério Público do Trabalho e terá de prestar depoimento nesta quinta-feira, 5, sobre a situação dos funcionários no local em que ocorreu o acidente.

De acordo com o advogado da Salema Construções, Maurício Monteagudo, a empresa responderá todas as denúncias que forem feitas, quando for notificada. “Por enquanto, a empresa vai prestar auxílio a famílias que tiveram as casas interditadas e aos familiares do operário desaparecido.” De acordo com o morador de uma das cinco casas interditadas, Gleideson Soares, de 28 anos, eles ainda não tiveram apoio. “A minha casa foi uma das mais afetadas. Ninguém me procurou, não estou tendo nenhum apoio da construtora.”