Uma mansão no Park Way, em Brasília, servia para festas animadas por garotas de programa agenciadas pelas cafetinas que controlavam a prostituição de luxo no Distrito Federal. Uma confraternização entre as meninas, políticos e empresários no imóvel estava inclusive marcada para o próximo sábado. A propriedade da casa e a origem do dinheiro para financiar os eventos são investigados pelos agentes que desencadearam o cerco à exploração sexual na Capital Federal, na última segunda-feira. Na ação, chamada de Red Light, eles prenderam nove pessoas, incluindo as quatro maiores cafetinas da capital. Entre elas, Jeany Mary Corner, 53 anos, pivô da queda do então ministro da Fazenda Antônio Palocci, em 2006.
Investigadores da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) recebem informações sobre a casa desde o desencadeamento da operação. Na maioria dos casos, os dados chegam de vizinhos cansados da barulheira vinda das festas realizadas no imóvel, que, segundo eles, atraem dezenas de carros importados, homens engravatados e belas mulheres. Para os agentes, há fortes indícios de a mansão ser um dos pontos de encontro entre as prostitutas de luxo e os abonados clientes que se divertem, muitas vezes, com dinheiro público. O nome de ao menos um deputado federal nordestino é citado como frequentador das festas no Park Way e em outros pontos do DF, promovidas pela quadrilha.
Suspeita-se que a lista da clientela esteja em três agendas, oito celulares e um computador apreendidos no apartamento de Jeany Mary, no fim da Asa Norte. Os agentes recolheram ainda oito cadernos. Neles, acredita-se estar a contabilidade do grupo. Além dela, chefiavam a quadrilha, dividida em três núcleos, três mulheres: Vilma Nobre, 44 anos; Marilene Oliveira, 49; e Ângela Castro, 49. As duas últimas seriam sócias. Todas acabaram presas na operação, que cumpriu nove dos 10 mandados. O único foragido, até a noite de ontem, era Geovani Nunes, 46. Ele e outros homens tinham a missão de arregimentar travestis e garotos, de acordo com os investigadores.
Negócios paralelos
Além da mansão no Park Way, policiais civis checam denúncias de diversas formas de exploração de mulheres, homens e travestis a serviço da quadrilha. Uma das informações diz respeito a uma clínica de estética, na Asa Sul, que pertenceria a Vilma Nobre. Tal comércio serviria, na verdade, como fachada para um ponto de prostituição.