"Quando chove, a gente vem dormir na parte da frente do barraco, porque se a terra descer tem menos perigo de ela chegar até nós" diz o cabeleireiro Valdenário Antonio da Silva, de 20 anos, genro de Sandra. Naquela área do morro, 330 famílias foram removidas entre 2011 e 2012, mas dezenas de novos barracos já tomam a área.
Em toda a comunidade, são 2.600 famílias, número que não para de crescer. Entre as futuras moradoras está a dona de casa Thaís Ferreira Brandão Cardoso, de 20 anos. Ela pagou R$ 800 a quatro rapazes para construírem um barraco no morro, onde vai morar com o marido e dois filhos, um deles de dois meses. "Pagava R$ 150 de aluguel, mas a dona pediu a casa. Onde vou encontrar outro lugar pelo mesmo valor? Tive de vir para cá. Prefiro passar medo no barraco do que na rua", afirma.
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Para a arquiteta Maria Augusta Justi Pisani, professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o monitoramento das áreas de risco já desocupadas deveria ser aprimorado. "Existem ferramentas pelas quais é possível monitorar essas áreas a distância. Mas a melhor fiscalização é a dos próprios moradores" diz a especialista.
"Se a Prefeitura remover as casas e colocar um equipamento público no local, como uma praça, os moradores serão os primeiros a cuidar daquele local e denunciar novas ocupações", diz. O secretário José Floriano de Azevedo Marques diz que a pasta orienta as subprefeituras a sempre demolirem as casas e barracos após a saída das famílias.
"A demolição é importante para evitar novas ocupações, mas também estamos contando com a ajuda das famílias que moram ao redor da região desocupada, para que denunciem as invasões", diz. Segundo o secretário, parte das áreas de risco desocupadas será contemplada com parques lineares. "Essa revitalização vai impedir novas invasões", afirma.